quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

As choças

 
A arquitectura rural tem aspectos fascinantes. Hoje irei colocar imagens de construções habitacionais, com milhares de anos. Muitas dessas construções poderiam ser também utilizadas como estábulos de animais, de arrecadações, celeiros.


Choça do Aleixo


Na freguesia resistem vários exemplares. Alguns foram reabilitados. Porém, foram utilizados outros materiais, nomeadamente na cobertura, a telha deu lugar à palha ou às giestas. Outros exemplares estão arruinados.
Refiro-me às choças ou choupanas.
Na sua maioria são de forma circular.

Choça Junto à Quinta da Tapadinha no caminho Igreja Paroquial para Vila Garcia

Estão referenciadas as Choças de Vila Garcia, Quinta da Tapadinha, do Aleixo, do Lameiro do Caniço.
Naturalmente, aparecerão mais exemplares.


Choça no maninho de Vila Garcia junto da estrada de acesso para a Igreja Paroquial
 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Cadeia Medieval da Granja


Hoje irei falar da Cadeia Medieval do Real Mosteiro de Santa Maria. Os frades de Maceira Dão tinham competência cível e criminal sobre a população que habitava dentro do espaço geográfico circunscrito pelo respectivo couto. Os limites desse couto seriam:
Toda a Serra de Maceira Dão até ao Rio Dão. Daí seguia na direcção até Fagilde. De seguida delimitava a poente de Tabosa, numa linha até ao Castro de Fornos. Dali seguia para Tibalde até à Pedra Ruiva e avançava na linha do ribeiro de Tibalde até à foz daquele curso de água, no Rio Dão. Naquele ponto foi fixado um marco delimitativo por Gomes Fernando (Gomes Fernandus) o Governador Militar de Visei e Zurarae – Viseu e Mangualde. Militar em quem D. Afonso I entregou esse dever.
 No entanto, os frades possuíam mais propriedades, desde o antigo couto de Moimenta de Maceira Dão, propriedades doadas quer de particulares quer de outras entidades como foi o caso dos terrenos do Convento de Vale de Medeiros em 1560, e a Granja de Seia, esta comprada por Dom Abade, entre outros…
Os frades julgavam das demandas e infrações, eram soberanos, podemos considerar, na área do Couto. Ao Dom abade, expressemos, correspondiam as funções de capitão-mor, pelo que, nos seus espaços, a justiça ou poder judicial seria a sua, e não a do rei, e só nos casos de penas corporais, aí sim, era entrega à justiça de Azurara.
Os maiores contendas relacionavam-se com as pescarias, que as populações de fora do couto, efetuavam no rio Dão, e porventura alguma caça. Muitas pescarias seriam efetuadas na outra margem do rio, fora da delimitação da granja, só que os frades achavam-se senhores do rio.
A incúria ou sei lá o quê, lança este património ao seu desleixo completo.
 

sábado, 8 de fevereiro de 2014


Romeiros da Senhora da Cabeça de Maceira Dão

Todos os anos ele vinha com um grupo de romeiros à romaria da Sra. da Cabeça a Maceira Dão onde também todos os anos lhe fazia companhia um primo que tocava concertina.
Da povoação vizinha de Teivas, saiu também um grupo onde levavam um tocador de harmónio. Neste grupo ia uma rapariga que já tinha namorado com o João Cantador, mas naquele ano zangaram-se e foi namorar com o tocador de Teivas. Por coincidência ou por malandrice, juntaram-se os dois tocadores que não se entendiam muito bem por causa da rapariga. Começaram a cantar ao desafio e o João de Almeida com mil ouvidos a ouvi-los. Nisto, a rapariga começou esta quadra para fazer ciúmes ao antigo namorado.

Lenços de meia moeda
Ninguém os tem senão eu
Para dar amor a outro amor
Dou apenas a quem mos deus
Os lenços a que ela se referia, tinham sido oferecidos pelo primo do João de Rebordinho coisa que era muito usual naquele tempo. Quando começavam a namorar, faziam troca de lenços bordados, com linha prateada dourada ou mesmo com linhas de cor simples. O João de Almeida sabia que o primo não tinha bagagem para a moça e procurou defendê-lo, entrando ele na desgarrada com esta cantiga:

Lenços de meia moeda
Aqui está quem os comprou
Com abraços e beijinhos
O teu corpo é que pagou


Retirado de:
Barreiros, Leonel (1987). Gentes das terras do Dão: cultura popular. Edição do autor

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A Herança Árabe em Fornos de Maceira Dão

A Herança Árabe

Existem numerosas propriedades no lado sul da aldeia, direcção cardial de Fornos - Lobelhe do Mato, com nomes que declaram a presença árabe nesta comunidade: Lameirinhas (que apelidou um novo bairro da localidade); Lameiras; Moirão; Alquevas; Aleixo; Seixal, entre outras.
É formidável que todas estas propriedades confinam entre si.
Pese a abundância de picotas, noras e outros sistemas de rega de proveniência árabe, os achados arqueológicos são no entanto escassos e resumem-se a apenas 4 peças.
Uma encontrada no Aleixo, outra no Moirão e duas descobertas na Lameira do Joaninho.
Estão na posse de antigos e ou atuais proprietários. Prontamente, e se possível, será colocada fotografia respeitante ao assunto exposto no presente apontamento.