domingo, 29 de dezembro de 2013

Capela de Santo António - Fornos de Maceira Dão

Leandro de Faria de Cardoso, morador em Fornos de Maceira Dão - Solar de Santo António, mandou construir, pegada a sua casa, uma capela de Invocação a Santo Antonio. Escritura de dote de 30 de Agosto de 1736, do tabelião de Azurara, João Cardoso Velho.

De relevar as tres fases de construção/remodelação/ampliação do solar. A primeira construção com elementos manuelinos. A segunda fase setecentista. Uma terceira fase, mais recente, com elementos que se complementam e integram de forma harmoniosa, refiro-me ao relógio e ao portão de entrada com o nicho a Santo António..... continua, em breve.



    

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Real Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão








Maceira Dão é uma pequena povoação da Freguesia de São Miguel de Fornos de Maceira Dão. Esta Povoação é muitissimo antiga. Mais antiga que a monarquia portuguesa. Já existia no tempo dos romanos, moiros e até no tempo dos godos. O Conde Dom Henrique e sua mulher Dª Thereza, a fizeram couto em 1109. existiu aqui um mosteiro antiquissimo que primeiro foi dos monges beneditinos e depois de religiosos Bernardos. Sobre a sua fundação há duvidas. Santa Rosa de Viterbo, no seu Elucidário diz que dom Afonso I e sua mulher D. Mafalda, deram em 1154 ao mestre Soeiro Teodiniz, que era professor de medicina, cinco casais em Travanca de Viseu (talvez Bodiosa) em recompensa da cura que que havia feito a Rodrigo Exemenis, um forte amigo do rei, cujo serviço D. Afonso Henriques, havia pedido. Soeiro Teodiniz veio a fazer-se monge e fundou um pequeno mosteiro, na Igreja de Santa Maria de Moimenta, numa herdade sua e que o rei lhe coutou em 1161 e se ficou chamando Couto de Santa Maria de Moimenta de Zurara. No entanto, os monges, ou por o acharem pequeno ou porque havia por perto terrenos mais ferteis, ou outra razão que hoje se ignora, fundaram um novo mosteiro em Maceira Dão, e para onde se mudaram em 1173, coutando-lhe o rei nesse mesmo ano o mosteiro e dando-lhe o couto de Maceira Dão. Esta doação está assinada pelo rei, por seu filho Sancho, mais tarde rei d. Sancho I, e por sua filha, a rainha dª Tereza. Era então o abade do mosteiro o seu fundador, o mestre Soeiro Theodiniz. No cartório do mosteiro havia, porém, um documento muito antigo - escrito em latim barbaro - que dizia (tradução): Havia em Leiria, em 1108, um alcaide moiro chamado Al-Barasch, um esforçado cavaleiro, e que nesse ano D. Henrique - pai de D. Afonso I o fez prisioneiro perto de Coimbra numa corrida ou correria que ali fora fazer o moiro. O conde D. Henrique levou-o para Guimarães, e converteu-se ao cristianismo. Este optou pela vida monastica, e há quem lhe atribua a fundação do mosteiro de Maceira Dão,
(elementos reutilizados e hoje são parte integrande de parede que expôs após queda do barro.)

e que os frades de Moimenta optaram por este mosteiro, provocando a decadencia do de Moimenta.
Há ainda quem faça do Mosteiro de Maceira Dão, mais antigo. Frei Agostinho de Santa Maria, no seu Santuario Mariano, pagina 15 do volume V, diz que os frades fundaram o santuário de nossa Senhora do Monte, no ano 900 ou mesmo antes. Quando o abade João Cirita introduziu a reforma de S. Bernardo, ou de cister, na ordem de S. Bento, foi ela adotada pelos monges de Maceira Dão. Este mosteiro chegou a ser muito rico, com várias doações dos reis e particulares, e direto senhor de várias terras. Junto a este mosteiro está o santuario de Nossa senhora do Monte, acima citado, fundado na eminência de um cabeço, que se avista a grandes distâncias. Daqui lhe provém as duas invocações da Virgem, Nossa Senhora do Monte e Nossa Senhora da Cabeça. A origem desta última invocação, segundo uns é por ser a aquela imagem advogada das dores de cabeça, e segundo outros por estar na cabeça do monte. não se sabe ao certo a data da fundação desta capela. Mas há a certeza de ser antiquíssima. O Santuário Mariano, conforme dissemos, supõe ser obra dos monges beneditinos do mosteiro de Maceira Dão, pelos anos 900, ou antes, mas o que parece mais provável é que eles reedificassem a capela depois do ano de 1173. É certo que aqueles religiosos tinham por costume, muito antigo, irem todos os sabados cantar uma missa à capela, a que davam o nome de Santa Maria do Monte. Diz o mesmo escritor que é possível que o primitivo mosteiro fosse no sítio onde hoje está a capela, e veio a mudar-se mais para baixo, para o sítio atual, por terem os monges mais por onde poderem alargar a sua cerca. A festa de Nossa Senhora fazia-se, e parece que se faz ainda, no dia 3 de Maio, Invenção de Santa Cruz. A capela atual não é a primitiva, mas sim de reedificação, e de graciosa arquitetura.

O Real Mosteiro de Maceira Dão, fundou, no Século XIII, o Mosteiro de Santa Maria de Maceira de Coveliana (Covilhã), também chamado de Santa Maria da Estrela, ficando dependente do Mosteiro de Maceira Dão.
Em 1445, o património do mosteiro de Maceira Dão alcançou 1 600 unidades entre casas, herdades, moinhos, lagares de vinho e de azeite. Daquelas cerca de 500, situavam-se no Concelho de Mangualde. As restantes, aproximadamente 1 100, situavam-se nos concelhos de Algodres, Aveiro, Besteiros, Folgozinho, Melo, Gouveia, Manteigas, Matança, Mões, Penalva, Sátão, Seia, Senhorim, Tavares, Trancoso, Viseu, Vouzela e ainda Bouças, Matosinhos, Lordelo, e S. Miguel da Palmeira no Bispado do Porto.

Nos limites da sua jurisdição, possuía uma cadeia, que hoje chamamos a Cadeia da Granja, em completa ruina e que merecia outro fim, pois estamos perante uma estrutura medieval, e não existirão, pelo país, muitos exemplares.

O Concelho de Maceira Dão, foi incorporado no julgado de Mangualde em 21 de Março de 1835.

O número máximo a frequentar o Mosteiro, supõe-se entre 15 e 18 monges.

Em 2022 estão a decorrer os trabalhos de restauro.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Lenda do moço do Mosteiro Cisterciense de Santa Maria de Maceira Dão




A lenda do moço do Mosteiro de Maceira Dão
 Havia neste Mosteiro um moço que, quando ia à povoação de Fornos, passava à porta de uma venda, que era um pequeno estabelecimento daquele tempo onde se vendia de tudo um pouco, e se encantava a olhar para a vendedeira que atendia os fregueses, cheia de simpatia e habilidade, proprietária da mesma venda.
Seu marido era um importante negociante de gado e quase sempre andava saído pelas feiras, comercializando. 
Sempre que o moço passava à porta da venda, se não visse ninguém, cumprimentava a bonita senhora e acrescentava:
- Que linda vendedeira. Dava tudo quanto me pedisse para estar com a senhora a sós um pedaço de tempo.
Ela fazia que não ouvia, não lhe dando troco. Mas, tanta vez ouviu as mesmas palavras, que a fiel esposa, decidiu contar ao marido, o que se estava a passar com o noviço.
O marido depois de ouvir atentamente o que a esposa lhe contava, disse-lhe:
Hó diabo! Diz-lhe que sim. Que podes estar com ele sexta-feira à noite, mas tem de trazer uma saquinha com duzentas libras em ouro.
Tu és tolo homem! Sabes o que estás a dizer? – Perguntou a fiel senhora.
Nisto responde o marido: Calma aí! Deixa-me acabar de falar.
Diz-lhe que sexta feira, ao anoitecer, saio para a feira de Coimbra com o criado e que ficas sozinha, e que venha só depois das onze horas da noite, para que ninguém na aldeia o possa ver.
 Mas o que pensas fazer ao pobre convencido? Perguntou-lhe a mulher.
O marido explicou: Quando ele chegar aqui, manda-o entrar e pedes-lhe logo as duzentas libras e vai arrecadá-las bem arrecadadas. Depois, manda-o entrar para o nosso quarto e diz-lhe que se vá despindo, e, quando acabar de tirar as roupas de fora, sem lhe dares tempo de tirar a roupa interior, dizes-lhe, com ar de muito aflita, que eu acabo de chegar e que se meta imediatamente debaixo da cama.
Nesse mesmo dia, ordenou ao criado que tirasse todo o estrume da loja dos bezerros e a enchesse de estrume verde, eram tojos que haviam sido roçados. Sem nada dizer do que se ía passar, abriu um alçapão no soalho do seu quarto, que ficava por cima da loja. No dia seguinte de manhã, lá estava de novo o moço a fazer algumas compras e a repetir a mesma lenga-lenga com os seus sorrisos conquistadores dirigidos à senhora. Foi então quando ela lhe disse baixinho, o que o marido lhe tinha ensinado. Ele, todo encantado da vida, lá foi para o mosteiro para regressar no dia seguinte que era sexta-feira. Aproximavam-se as onze horas da noite, quando ele bateu à porta da mulherzinha, ela lhe veio abrir a porta e o mandou entrar, como tinha prometido. Passou-lhe primeiro a saca com as duzentas libras e entrou de seguida. Diz-lhe a vendedeira:
Entre para o quarto e vá-se despindo, enquanto dou uma vista de olhos, a ver se alguém o viu entrar.
Deu-lhe algum tempo para tirar as roupas exteriores e logo correu para o quarto, dizendo:
O meu marido voltou. Meta-se, rápido, debaixo da cama. Então, o moço do mosteiro, apenas com ceroulas vestidas, enfiou-se com toda a pressa debaixo da cama, caindo de imediato pelo alçapão juntos dos bezerros, sobre os tojos, e ali ficou quietinho, sem sequer puder mugir.
Entretanto o marido falava para o criado, na rua, fingindo que estava a chegar, depois de terem desistido de ir à feira de Coimbra, dizendo:
Vai buscar umas faixas de palha para deitarmos aos animais, para passarem a noite sem berrar e assim conseguirmos dormir.
Os bezerros, que não eram nada mansos, iam dando marradas no corpo do infeliz conquistador. Enquanto o criado foi buscar a palha para a manjedoira, o patrão esperava-o à porta do curral com o lampião na mão para o alumiar. Ao abrirem a porta, viram o moço do convento, no estado em que ele se encontrava.
Disse instantaneamente o criado: ó patrão, estou a ver um fantasma.
O quê! Um fantasma em minha casa?
Entraram ambos ao mesmo tempo, pegaram no moço pelo braço e, sem dizerem qualquer palavra, ataram-lhe as mãos atrás das costas, colocaram-lhe um grande chocalho de um bode ao pescoço, e a cabeçada de um burro sobre os ombros, bem atada. Puseram-no na rua e mandaram-no embora naquele estado. Conforme corria pelas ruas para não ser reconhecido por alguém, o chocalho fazia um atropelo desgraçado que acordava todas as pessoas que dormiam naquela noite de Dezembro. Para poder entrar no Mosteiro, tinha de atravessar um nabal que lhe dava a possibilidade de ingressar, sem poder ser visto. Por azar, ao chegar ao nabal, começou por se atolar aqui e acolá, dificultando a sua caminhada. Dois homens andavam por ali, cada qual com seu saco, a roubar nabos. Para não ser detetado, ficou quietinho enquanto eles iam arrancando os nabos e amontoando junto do moço,  pensando tratar-se de um tronco de arvore, para posteriormente, tiraram a terra . Bateram com os nabos para sacudir a terra, tendo causado enorme barulheira, já que bateram no chocalho, assustando os dois compadres e os obrigou a fugirem dizendo um para o outro que era o diabo que ali estava por roubarem os nabos aos frades. Estes, conseguiram chegar a casa sem poderem falar, com tamanho susto. Só depois o moço entrou no mosteiro. No domingo de manhã, quando assistia a um convívio num dos largos da povoação, e onde todos os protagonistas se encontravam, o moço fez um apelo pedindo à pessoa que tinha em seu poder, uma saca com duzentas libras em ouro, o favor de lha devolver.
O marido da vendedeira ao ouvir aquela frase, disse:
 E eu peço à pessoa que lá tem o chocalho do meu bode e a cabeçada do meu burro, o favor de as levar a casa, porque temos contas a ajustar.
Os dois amigos do nabal, ao ouvirem tudo aquilo, compreenderam o mistério e disseram um para o outro:
E lá ficamos nós sem os nabos, a pensar que era o diabo.
Ao lado deles estavam umas velhotas que ao ouvirem falar do diabo disseram:
De sexta-feira amanhecendo para ontem, ninguém dormiu nesta terra, com o diabo que andou por aí à solta. Algumas pessoas foram à janela e viram-no passar. Tinha pernas brancas e uma cabeça como a de um burro e com um chocalho ao pescoço a fazer dlão… dlão… dlão….. e acordava o povo.
Lendas retiradas de:
“Barreiros, Leonel (1987). Gentes das terras do Dão: cultura popular. Edição do autor”

 

Mosteiro Cisterciense de Santa Maria de Maceira Dão

O lado poente. Daqui se avista a Serra do Caramulo. Espaços da Cozinha, à direita. Refeitório a meio. Adegas e celeiro lado esquerdo.

Maceira Dão - Mosteiro cisterciense de Santa Maria de Maceira Dão

Mosteiro edificado nos terrenos ferteis do vale do Rio Dão a 5 ou 6 metros do afluente: Rio dos frades. Vai merecer uma atenção muito peculiar e alongada pelo simbolismo que representa para esta região.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Fornos Maceira Dão - Igreja Paroquial

É muito provável que no ano de 609 aqui surgisse a primeiro templo. Alguns achados atestam essa data. Outros encontram-se cobertos. Supõe-se ter sido construída pelos Suevos. Seu rei, Requiário, era católico dedicado, impondo que toda a população do Reino se convertesse, em massa, ao catolicismo.  
Nesta data já se sentia o domínio, deveras ténue, dos visigodos, comandados pelo seu rei Andeca e que haviam derrotado os Suevos. Tal domínio era mais notado nos grandes centros populacionais da época, como brácara augusta a então capital do reino (Braga) e portus cale (atual Ribeira-Porto) e seu castelo avançado de defesa em Vila Nova de Gaia.


Achado arqueologico no adro
 Ainda assim, nos meios mais afastados dos grandes centros, os Suevos gozavam de alguma autonomia, sendo provável serem estes os construtores do templo, e cujas dimensões eram mais reduzidas.
Diversas pedras foram reutilizadas em construções posteriores e colocadas em outros locais dos novos e sucessivos templos.
O atual adro foi outrora um cemitério medieval.



                                                            As demarcações do cemitério medieval

O interior da igreja, está repleto de sepulturas, muitas delas tapadas nas diversas intervenções de restauro, embora sejam de épocas mais recentes.
Encontra-se no adro, uma mesa em pedra, foi, antigamente, a pedra tumular de uma importante personagem do vice-reino português da India. Disso temos a certeza, embora não possamos, para já, associar a personagem e respetivo cargo, pese no entanto ter sido já localizados documentos probatórios, e que urge encontrar.


 

Pedra tumular          



Templete





















Foi vigairaria da apresentação do bispo. 
Dedicaremos, posteriormente, o esforço necessário, na aquisição de informação conclusiva sobre esta igreja.
 A paróquia de Fornos de Maceira Dão foi dedicada ao padroeiro São Miguel Arcanjo. O culto a S. Miguel reforça a data de construção do templo, que como sabemos foi introduzido, na península, no século VII.
O local onde foi construído o templo, está, também, de acordo com as características dessa época, em colinas mais elevadas, com horizontes vastos.

Em 1741, a Igreja possuía dois passais, mais de 120 propriedades, quer nos limites da freguesia, e em localidades como: Alcafache, Tibaldinho, Lobelhe do Mato.

Em 1758, a igreja tinha 6 altares ( Altar de S. Miguel, Altar de Nossa Senhora do Rosário, Altar de S. Sebastião, Altar de Santo António, das Almas e S. João).
Um templo majestoso de invocação ao Arcanjo S. Miguel está localizado em França – Monte São Miguel, local de elevada atracão turística.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Fornos de Maceira Dão - Gilbardeiras

No vale de Maceira Dão podemos encontrar uma população muito numerosa de gilbardeira (ruscus aculeatus) alguns exemplares atingindo 1,80 metros de altura, contrariando a tese de que a altura máxima vai dos 80  a 100 centrimetros. A diversidade do vale, em muitos paises, teria já merecido um estatuto de área a preservar. No entanto e julgo que sem qualquer estudo efetuado, assiste-se à sua transformação num deserto verde, a eucliptomania cega. Esta pobreza de povo que não é capaz de preservar um património destes ... e por aqui me fico.

Fornos de Maceira Dão - Nora de tirar água

Engenho de tração animal, e que substituiu muitas picotas ou cegonhas. A especie em grande plano é um lodoeiro (celtris australis)

domingo, 15 de dezembro de 2013

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Fornos de Maceira Dão - Picota ou cegonha ou engenho de tirar água, exigindo muito esforço humano


A picota junto do Ribeiro de Fornos de Maceira Dão - engenho introduzido pelos árabes. Os primeiros exemplares poderão ter surgido junto do Rio Eufrates na Mesopotânia poucos milhares de anos após a sedentarização humana.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Fornos de Maceira Dão. Liquenes

Liquenes bio-indicadores da qualidade do ar. Bons ares

Fornos de Maceira Dão - Liquenes bio-indicadores


Liquene (ramalina farinacea) me corrijam se estiver errado. Um belo exemplar, bio indicador da qualidade do ar. Fotografado entre o Mosteiro de Maceira Dão e Fornos de Maceira Dão, junto da população dos "Sêlos de Salomão"


Fornos de Maceira Dão - Rã Ibérica fotografada numa nascente de água limpida perto do Rio Dão

Rã Ibérica (rana iberica) Endemismo ibérico - Noroeste da Peninsula Iberica

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Fornos de Maceira Dão - Capela da Sra da Graça


Capela da Sra da Graça. Antes desta invocação, era conhecida como Nossa Senhora das Alquevas. Nome com origens arabes. Afirmam as pessoas mais velhas que a imagem da Santa era em granito e que estaria na capela do Solar da Quinta de Santo António. Entendidos no assunto, são de opinião que o monumento é muito antigo. A primeira referencia à capela surge no ano de 1460, numa visita do Abade de Lafões a esta freguesia. No entanto tem sido muito dificil obter mais informações.

Janela do lado norte

Fuste reutilizado


Torça de Janela caida

Fuste reutilizado na reconstrução

Fornos de Maceira Dão - Pormenores - A Primavera




No vale de Maceira Dão passou mais uma primavera

 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Maceira Dão. O teixo. Localizado no vale, onde outrora existiu uma floresta laurisilva

Existem poucos exemplares de Teixos, na Freguesia de Fornos Maceira Dão. No meu jardim tenho dois. Os mitos, as lendas, os cavalos das legiões romanas que morriam quando comiam as suas folhas, a substancia extraída no combate ao cancro. A sua longevidade, nalguns casos de muitos milhares de anos.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Fornos de Maceira Dão - Toponímia


O topónimo Fornos de Maceira Dão, contem três elementos.
A existência de Fornos de cerâmica perto da Vila Romana da Mouta ou da Môta.
Os achados: tégulas, telhas, tijolos, ladrilhos, utensílios de cozinha e outros, são imensas as provas, até as cinzas aí encontradas.
 As evidencias como os poços e a deslocação de barro, onde era extraída a matéria-prima, nos locais que ainda hoje designamos “Os Barreiros”.
A Galeria que alguns populares reconheceram, facto ocorrido nos anos 60 ou 70, lembrava o Ti Albertino (ti Xará) quando o proprietário do terreno o Sr João Maria Cardoso, arava o terreno e viu seu burro ser engolido pela galeria, facto ocorrido junto da Vila Romana.
Maceira deriva do latim “Mazanaria” terrenos férteis, muito produtivos, em especial, matianas (maçãs): A abundância agrícola, derivada da fertilidade dos terrenos, considerados os mais férteis do concelho, atributo que determinou, mais tarde, a construção do Real Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão.
Dão, deriva do rio do mesmo nome - Dão, do latim “Aon”, fronteira natural da freguesia em alguns quilómetros.
Transcrevo extracto do Foral do 1º Rei de Portugal, na demarcação do Couto - Tombo do Convento de Maceira Dão “ Divit cum Fornos per simutatem de ipso castro de fornos”
Desconhece-se a toponímia anterior à romanização, seria a mesma? 

Algumas provas, fazem crer, aquando da ocupação romana e da implantação dos fornos de cerâmica, existirem, fornos de metais, introduzidos antes, pelos Celtas, tendo sido bem aceites pela população nativa, dando "origem"  neste contexto, aos celtiberos e lusitanos. 

A existência de escorias, peça em metal enviada para recuperação, uma bigorna (?) em ferro maciço com dezenas de quilogramas de peso.




Achado arquiológico no local da Vila da Mouta. Será uma biogorna?



 As muitas choças um pouco por toda a zona, os contos da minha infância, contados pelos mais velhos, e algumas das tradições, fazem crer e fundamentar um legado céltico, na toponímia local. Acresce ainda, as muitas referencias ao Castro, localizado no topo de uma elevação entre a Igreja paroquial e a Capela da Senhora da Cabeça. Tal castro, teria sido destruído, numa surriba para plantação de vinhas e outras culturas. As pedras daí retiradas teriam sido reutilizadas na formação de socalcos em toda a zona envolvente. Há alguns indícios da existência de fornos de fundição de metais, e que os romanos ocupassem e relançassem mais atividades, nas já existentes. As referencias Célticas do Castelo Araocelo  (hoje São Cosmado) e o Penedo do Pecado ou das bruxas nas fraldas da Serra dos Cabaços. O "puzzle" começa a desvendar algo.
Tendo sempre na sua toponímia o topónimo Fornos, nem sempre foi conhecida pelo actual nome. Inicialmente Fornos; depois São Miguel dos Fornos; mais tarde Fornos de Azurara, Fornos de Maceeira Dão e por último Fornos de Maceira Dão, argumento, pela maior parte dos terrenos integrarem o Couto Real do Mosteiro.

Tibalde - Fornos de Maceira Dão. Toponimia



alminhas_tibalde


TIBALDE – origem toponímica  
A sua origem advém do seu povoador chamado “Teobaldus”. Estas terras foram-lhes entregue, como recompensa, na ajuda da reconquista pelos reis Asturo Leoneses, no século IX., aos árabes (a Presúria).

Evolucionou, e já no tempo do Conde de Bolonha – século X, grafava-se Teobaldi, depois Teobaldio, e mais tarde Teovaldo. Nos limites da demarcação do Couto do Real Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão, o foral concedido por D. Afonso Henriques, sec.XII, referenciava, grafando-se Teivalde.


                          O Ribeiro de Tibalde e o pontão em granito - a imponência das lages e dos cachorros

 Em 1490, era abade de Fornos de Maceira Dão - João Alvares. O abade andava em demandas com Álvaro Lopes que era casado com Catarina Fernandes, relativamente às terras de que o casal era proprietário, mas que eram agricultadas por Luis Anes. tais propriedades foram emprazadas e localizavam-se em Teivalde. O casal proprietário comprometeu-se a pagar 500 reais - moeda da época - em três prestações: Pelo Natal, pela Páscoa e pelo S. João. O título de emprazamento foi testemunhado pelo Abade de S. Vicente de Alcafache, Gonçalo Anes e por um morador de Teivalde de nome João Martins. Era então bispo de Viseu D. Fernando de Miranda.  

Posteriormente, o toponimo alterou para Tibaldo (de Baixo e de Cima).




Em 1758 (reinava D. José, e era ministro Sebastião de Carvalho e Melo - Marquês de Pombal) já se grafava tal como hoje:  Tibalde.

A fonte e os lavadouros publicos


Alminhas junto da rotunda

sábado, 30 de novembro de 2013

Tabosa - Fornos de Maceira Dão. Capela de São Geraldo




Ermida de invocação a São Geraldo - Tabosa
Esta ermida foi construída no ano de 1655. Logo que finalizada, alguns moradores deslocaram-se a Viseu a casa do Tabelião João de Barros do Amaral, no dia 23 de Dezembro, informando-o.
O grupo era constituído por Bartolomeu de Albuquerque e seu criado Gaspar Roiz, António Lopes, Manuel Alves, Matias João, António Fernandes e o seu criado Adão, todos moradores em Tabosa, freguesia de S. Miguel de Fornos, do Concelho de Azurara da Beira (como então era conhecido Mangualde).
Queriam pedir licença ao revisor do bispado João de Almeida Loureiro para aí ser dita a missa. Estes comprometiam-se a que nada faltasse na dita capela e que estivesse sempre em bom estado, até ao fim do mundo.


                              As traseiras da Capela - construção em granito com Feldspato cor de rosa


Nesse mesmo dia, Matias João, o procurador dos habitantes de Tabosa, assinava, perante o escrivão da câmara eclesiástica, Manuel de Almeida Castelo Branco, o termo de sujeição e de obrigação.

Fornos Maceira Dão - Patrimonio lendário

Lenda

«O convento de Maceira Dão era habitado por frades, e de lá vinham pedir aos Povos vizinhos para os sustentar. Ali próximo existia uma localidade de nome Pardieiros (Nelas), a qual era muito frequentada pelos frades ou seu representante de nome Caiés. Como os Pardieirences não tinham dinheiro os frades levavam tudo o que as famílias criavam, animais e cereais etc. Quando as pessoas não queriam dar ele (Caiés) ameaçava dizendo (Se não levar a bem levo a mal). Caiés, que era de S. Gemil, vinha buscar os mantimentos aos Pardieiros com a população sempre revoltada, até que um dia a população uniu-se e esperaram por Caiés pelo caminho e mataram-no. Dai em diante os Pardieirences dizem a seguinte quadra»

Senhora da cabeça
Que estás em Maceira Dão
Mal empregada senhora
                                             Estar na mão de tanto ladrão


Fornos Maceira Dão. Afloramento na Serra dos Cabaços e a sua ligaçao com os Celtas

Gruta da Moura - limite do antigo caminho pedonal de Fornos para Mangualde

Também chamado o Penedo do Pecado. O Penedo dos Cabaços. Penedo dos Casamentos. O esconderijo das bruxas que dançavam numa laje ali ao lado.
 
As palavras chave: Pecado, cabaços, bruxas, casamentos, danças, e esconderijo.
 
Porquê pecado? questiono.  




 
 
O afloramento está associado a rituais e cultos célticos.
Como sabemos, os Celtas eram uma “nação” politeísta. Realça-se que em todo o mundo celta, havia comunidades que tinham os seus próprios deuses, para além dos deuses comuns.
Nos rituais religiosos dos celtas, realizados em locais ao ar livre, onde a natureza seria “a mãe de toda a existência” haveria participações de homens e mulheres integralmente nus, mas nada de cariz sexual. Daí, talvez, o afloramento ser apelidado, o penedo do pecado. Sabemos que o cristianismo não aceitava tais posturas e rituais, e também por isso denominarem o penedo das feiticeiras, seria pela participação de mulheres nas danças cerimoniais, ou seriam os sacerdotes que nas cerimónias usavam os seus capotes brancos, fazendo lembrar as feiticeiras? Como referia, o catolicismo “in illo tempore” não aceitava, sendo consideradas pagãs.
Notável, também, a condição social das mulheres, de igualdade em relação aos homens, e por vezes, uma comunidade mais matriarcal que patriarcal.
O que é certo é existir uma simbiose perfeita entre os celtas e a natureza ao ponto de considerarem vários deuses a alguns símbolos naturais como as rochas e as arvores...
Existiu, naquela época, um importante povoado, aldeia ou cidade celta, aqui bem perto, na encosta nascente da Serra dos Cabaços, denominada “Castelo Araócelo”. Com a propagação do Cristianismo e romanização, alterou para o topónimo que ainda hoje possui, São Cosmado. Existiriam outras localidades envolventes e que se encontrassem naquele lugar para tais rituais? É provável.
Grande parte do legado celta foi “apagado” pelo catolicismo de então, e por outras causas, e sabe-se muito pouco, já que, apesar de muito cultos, não foram escritos os seus conhecimentos à semelhança de outros povos dessa época, como por exemplo os romanos. Aceito que mais registos tenham elaborado os romanos sobre os celtas, que os próprios celtas de si mesmos.
 Ainda assim, várias tradições mantiveram-se até ao século XX, e em diferentes países.
Participei, alguns anos, em manifestações culturais, presumo a sua origem céltica.
Em algumas ocasiões, fomos perseguidos pela Guarda Nacional Republica. Nunca soubemos quem decidiu tais buscas, mas a tradição ía sendo conservada ano após ano, apesar das perseguições e riscos – o lançar dos cabaços ou casamentos.
Relembro um facto sucedido: O Senhor Angelino Baptista, Pai dos meus respeitosos amigos, Rui Baptista, Mário Baptista e José Alberto Baptista, que participou, no seu tempo, nesses eventos. Após a Guarda Nacional Republicana os ter neutralizado nos seus actos, um agente conseguiu agarrar no funil do Sr Angelino, no breu daquela noite de inverno ou de primavera fria, antes da quaresma. Com receio de chegar a casa sem o funil que enchia os túneis de vinho do seu pai, gritou: …se regressar a casa sem o funil que nem sequer o pedi ao meu pai, ele mata-me… estica com tanta força o braço, e eis que fica o elemento da Guarda Nacional Republicana com a parte larga do funil, e o senhor Angelino com a parte estreita na sua mão, e escapa-se do Guarda, mas que de pouco lhe valeu, pois teve de carregar com os açoites de seu pai.
Em que assentavam os Cabaços ou Casamentos:
Elaboravam-se duas listas de pessoas solteiras, independentemente da sua idade. Um rol de homens e um rol de mulheres. Eram ponderadas/os todas/os que tivessem já atingido a puberdade, a olhos vistos, exprimamo-nos assim. Por vezes, seria omisso um ou outro caso dúbio, consoante existisse número suficiente para formar parelha. Cada nome era escrito num pequeno papel, dobrado e colocado numa boina – quer para mulheres, quer para homens. Daí sairia, por sorteio, a parelha correspondente. Naturalmente, eram criadas excepções, aos casos de alguma intenção expressa ou a pura existência de qualquer caso suspeito de feição amorosa, bom tema de “cochicho” na época, de vontade própria, ou mesmo de remédio inevitável, como era o caso dos solteirões ou solteironas. Muitas das vezes com motivo de tentar arranjar/arrumar uma relação que tardava. Julgo fazer-me entender.
O sorteio e o lançamento dos cabaços ou casamentos, era anunciado numa noite, antes da quaresma. Uma vez mais, a força do catolicismo a ditar a altura do disseminar dos casamentos. Os participantes, apenas solteiros, e com liberdade para poderem anunciar, muniam-se de grandes funis. Pela idade, ou outras razoes, nem todos eram autorizados pelos pais, a participar. Um grupo localizava-se no caminho que leva a Serra se Santo António dos Cabaços, junto do chamado Sanatório, e outro na colina dos Outeiros junto dos Barreiros, na então chamada Vinha do Caetano, outro ponto alto e frontal ao primeiro.
Na aldeia, as raparigas, caso desejassem, tentavam ouvir, para identificarem o seu par elegido.
Sabendo bem o entoação, e em breve farei um cadastro fonético, relembro as expressões e forma do lançamento dos Cabaços ou Casamentos.
Em uníssono, consoante a intervenção de cada grupo, e que normalmente era composto por entre quinze a vinte elementos, por vezes mais:
O grupo 1 (dos solteiros) iniciava o ritual, e que aqui represento a negrito não sublinhado, sendo o grupo 2 – relativo as solteiras que abaixo represento em sublinhado, assim sendo:
stá lá com-pa-dre… (b)… stá lá.
stá lá com-pa-dre... (b)… stá lá.
Va-mos i-ni-ci-ar… (a)… Va-mos i-ni-ci-ar…(c)… os ca-sa-men-tos dois mil e quin-ze com-pa-dre…(b)… os ca-sa-men-tos dois mil e quin-ze.
stá bem com-pa-dre…(b) … stá bem.
Pri-mei-ro ca-sa-men-to… (a)… Pri-mei-ro ca-sa-men-to…(c)… José Manuel Amaral … (b)… com-pa-dre… (c)… José Manuel Amaral.
stá bem com-pa-dre…(b) … stá bem. (pausa de sensivelmente 3 a 4 segundos) e retomava o mesmo grupo).
Pra e-sse gen-til me-ni-no…(a) … Pra e-sse gen-til me-ni-no …(c) … Judite Peixoto Amaral… (b)… com-pa-dre…(c)… Judite Peixoto Amaral.
Bo-a ra-pa-ri-ga …(b) … com-pa-dre …(b) … Bo-a ra-pa-ri-ga. (pausa de sensivelmente 3 a 4 segundos) e retomava o mesmo grupo).
Se-gun-do ca-sa-men-to… (a)… Se-gun-do ca-sa-men-to…(c)… António Fernandes …… e assim por diante até se finalizarem todos os casamentos, nos termos aqui apresentados no primeiro casamento, que como é evidente, faziam parte integrante da lista.
Ajudas
Stá= está
…(a)… = Pausa de inspiração de ar para os pulmões.
…(b) … = pequeníssima pausa com ligeira baixa de tom.
…(c) … = pequeníssima pausa com ligeira subida de tom.
Finalizado o ritual, havia sempre comida e bebida, cada qual levava o que podia tirar em suas casas, e era então elaborada a lista dos casamentos efetuados, e colocada em porta de madeira de uma casa, num local central da aldeia para consulta de interessados.