sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Real Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão








Maceira Dão é uma pequena povoação da Freguesia de São Miguel de Fornos de Maceira Dão. Esta Povoação é muitissimo antiga. Mais antiga que a monarquia portuguesa. Já existia no tempo dos romanos, moiros e até no tempo dos godos. O Conde Dom Henrique e sua mulher Dª Thereza, a fizeram couto em 1109. existiu aqui um mosteiro antiquissimo que primeiro foi dos monges beneditinos e depois de religiosos Bernardos. Sobre a sua fundação há duvidas. Santa Rosa de Viterbo, no seu Elucidário diz que dom Afonso I e sua mulher D. Mafalda, deram em 1154 ao mestre Soeiro Teodiniz, que era professor de medicina, cinco casais em Travanca de Viseu (talvez Bodiosa) em recompensa da cura que que havia feito a Rodrigo Exemenis, um forte amigo do rei, cujo serviço D. Afonso Henriques, havia pedido. Soeiro Teodiniz veio a fazer-se monge e fundou um pequeno mosteiro, na Igreja de Santa Maria de Moimenta, numa herdade sua e que o rei lhe coutou em 1161 e se ficou chamando Couto de Santa Maria de Moimenta de Zurara. No entanto, os monges, ou por o acharem pequeno ou porque havia por perto terrenos mais ferteis, ou outra razão que hoje se ignora, fundaram um novo mosteiro em Maceira Dão, e para onde se mudaram em 1173, coutando-lhe o rei nesse mesmo ano o mosteiro e dando-lhe o couto de Maceira Dão. Esta doação está assinada pelo rei, por seu filho Sancho, mais tarde rei d. Sancho I, e por sua filha, a rainha dª Tereza. Era então o abade do mosteiro o seu fundador, o mestre Soeiro Theodiniz. No cartório do mosteiro havia, porém, um documento muito antigo - escrito em latim barbaro - que dizia (tradução): Havia em Leiria, em 1108, um alcaide moiro chamado Al-Barasch, um esforçado cavaleiro, e que nesse ano D. Henrique - pai de D. Afonso I o fez prisioneiro perto de Coimbra numa corrida ou correria que ali fora fazer o moiro. O conde D. Henrique levou-o para Guimarães, e converteu-se ao cristianismo. Este optou pela vida monastica, e há quem lhe atribua a fundação do mosteiro de Maceira Dão,
(elementos reutilizados e hoje são parte integrande de parede que expôs após queda do barro.)

e que os frades de Moimenta optaram por este mosteiro, provocando a decadencia do de Moimenta.
Há ainda quem faça do Mosteiro de Maceira Dão, mais antigo. Frei Agostinho de Santa Maria, no seu Santuario Mariano, pagina 15 do volume V, diz que os frades fundaram o santuário de nossa Senhora do Monte, no ano 900 ou mesmo antes. Quando o abade João Cirita introduziu a reforma de S. Bernardo, ou de cister, na ordem de S. Bento, foi ela adotada pelos monges de Maceira Dão. Este mosteiro chegou a ser muito rico, com várias doações dos reis e particulares, e direto senhor de várias terras. Junto a este mosteiro está o santuario de Nossa senhora do Monte, acima citado, fundado na eminência de um cabeço, que se avista a grandes distâncias. Daqui lhe provém as duas invocações da Virgem, Nossa Senhora do Monte e Nossa Senhora da Cabeça. A origem desta última invocação, segundo uns é por ser a aquela imagem advogada das dores de cabeça, e segundo outros por estar na cabeça do monte. não se sabe ao certo a data da fundação desta capela. Mas há a certeza de ser antiquíssima. O Santuário Mariano, conforme dissemos, supõe ser obra dos monges beneditinos do mosteiro de Maceira Dão, pelos anos 900, ou antes, mas o que parece mais provável é que eles reedificassem a capela depois do ano de 1173. É certo que aqueles religiosos tinham por costume, muito antigo, irem todos os sabados cantar uma missa à capela, a que davam o nome de Santa Maria do Monte. Diz o mesmo escritor que é possível que o primitivo mosteiro fosse no sítio onde hoje está a capela, e veio a mudar-se mais para baixo, para o sítio atual, por terem os monges mais por onde poderem alargar a sua cerca. A festa de Nossa Senhora fazia-se, e parece que se faz ainda, no dia 3 de Maio, Invenção de Santa Cruz. A capela atual não é a primitiva, mas sim de reedificação, e de graciosa arquitetura.

O Real Mosteiro de Maceira Dão, fundou, no Século XIII, o Mosteiro de Santa Maria de Maceira de Coveliana (Covilhã), também chamado de Santa Maria da Estrela, ficando dependente do Mosteiro de Maceira Dão.
Em 1445, o património do mosteiro de Maceira Dão alcançou 1 600 unidades entre casas, herdades, moinhos, lagares de vinho e de azeite. Daquelas cerca de 500, situavam-se no Concelho de Mangualde. As restantes, aproximadamente 1 100, situavam-se nos concelhos de Algodres, Aveiro, Besteiros, Folgozinho, Melo, Gouveia, Manteigas, Matança, Mões, Penalva, Sátão, Seia, Senhorim, Tavares, Trancoso, Viseu, Vouzela e ainda Bouças, Matosinhos, Lordelo, e S. Miguel da Palmeira no Bispado do Porto.

Nos limites da sua jurisdição, possuía uma cadeia, que hoje chamamos a Cadeia da Granja, em completa ruina e que merecia outro fim, pois estamos perante uma estrutura medieval, e não existirão, pelo país, muitos exemplares.

O Concelho de Maceira Dão, foi incorporado no julgado de Mangualde em 21 de Março de 1835.

O número máximo a frequentar o Mosteiro, supõe-se entre 15 e 18 monges.

Em 2022 estão a decorrer os trabalhos de restauro.

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