quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Alminhas de Fornos Maceira Dão



Alminha junto à Escola primária, no acesso para o Moirão e Alquevas. Outrora, era neste local o cruzamento dos diversos caminhos.


As alminhas são, em muitos casos, uma memória de culto a defuntos. Abrangem um peso e simbolismo nobre, acontecimentos fatídicos, ligados ao falecimento, naquele ponto, de uma pessoa.


Alminha localizada em frente à Sede da Junta de Freguesia


Alminha do Alto Podre - localizada na curva imediata à reta da escola primária na estrada de Fornos para Tibalde.



Alminha localizada na zona do Cruzeiro, perto da Capela de São Tomás de Aquino.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Vila romana da Môta ou da Mouta - Fornos de Maceira Dão



Mós manuais, tijolos e outros achados (11 elementos)

A Vila Romana foi construída numa suave colina, possivelmente no século II, no lado superior do caminho de acesso aos “Iteiros” (popular) Outeiros. O léxico do povo, chama o local de “vinha da mota” mas na verdade é Vila da Mouta.

Fuste da Vila Romana, reutilizado em jardim
Aqui e acolá, em muros e nos terrenos, vão surgindo imensas provas dessa Vila Romana: bases de colunas, fustes, suportes, muitas mós, entre outros achados.

Pesos de teares 

Esse património, está na posse da família proprietária do local. No entanto, há informação que outros achados estão na posse dos proprietários dos terrenos que confinam com a “Vila da Mouta”. Estão inventariadas muitos elementos, peças integrantes dessa Vila, dispersos é certo.
Ao lado da Vila Romana, por perto, estariam os fornos de cosedura dos tijolos, das tégulas, potes, ladrilhos, pesos de teares, etc.


Base coluna
    Já aqui foi referido, que o topónimo Fornos, deriva destas estruturas (fornos de cosedura e transformação do barro).   Na década de 90, com a cooperação de um arqueólogo, foi enviado para Alcácer do Sal, um achado em ferro, ali encontrado, a fim de ser preservado. Nunca voltou.
As fotos que a breve prazo iremos inventariar e colocar neste sítio, são decisivas para o exacto estudo da vila e das diversas actividades exercidas:

O vaso e  flor estão a ser suportados por outro fuste, da referida Vila  Romana e que o engenho popular aproveita como elemento decorativo. 

O trabalhar o barro – olaria; o trabalhar o ferro – bigorna; a tecelagem – Pesos de teares; a transformação dos cereais – mós manuais; e logicamente a agricultura. 



Coluna da vila romana

sábado, 18 de janeiro de 2014

Celidonia - planta medicinal


Celidónia, aqui também chamada (Fornos Maceira Dão) erva cura feridas - cicatrizante, e cura verrugas. Nome científico (chelidonium majus)


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Pedreles


                                                           Alminhas localizadas a poente da aldeia

Pedreles
Nos primórdios da idade média, a povoação, coabitou numa estrutura de senhorialismo. Lobelius Petrus Heris, era o nome do soberano do local. Curioso que este soberano casou com uma viuva, por quem nutria muita admiração e carinho. Desse casamento, tivemos conhecimento de um filho (e possivelmente mais) de seu nome Domingos Peres Tavares.
A componente Lobelius, poderá estar na origem do topónimo “Lobelhe”.
 Petrus, é um antropónimo de Pedro.
Os terrenos, eram propriedade de Lobelius Petrus Heriz. De relevar que também possuia terrenos noutras localidades, nomeadamente em Fornos.
Já no ano de 1258, reinava Portugal Dom Afonso III, a aldeia era conhecida como Lobeli de Petro Heriz.

Com o decorrer dos tempos, poderá ter originado: terras de Lobele de Pedro Heres, depois Lobelhe de Pedreres, e mais tarde ainda, Lobelhe de Pedreles.
Com aquele último nome, foi a localidade assim conhecida durante muito tempo, até ao século XVIII,  para assim se diferenciar de uma outra, ali ao lado, Lobelhe do Mato, que poderá estar ligada (toponímia) à mesma causa.  
As perguntas permanecem, relativamente às referências de Lobelhe de Pedreles, conjecturando que a aldeia de Lobelhe do Mato, era uma anexa de Pedreles.
Tal intuição, é imperioso dizer, é falsa. Foi, na verdade, uma questão de diferenciação. Tal conflito de designações, esteve na origem do nome, ter alterado para Pedreres, e posteriormente para Pedreles, abdicando definitivamente, pelo motivo atrás referido, do nome, Lobelhe.
Sejamos incisivos, foi essa figura, Lobelius Petrus Heris, e disso não tenhamos qualquer dúvida, dono e senhor daquelas terras, concomitante com a estrutura social de senhorialismo, dois elementos fundamentais, acabando por ser o antropónimo Petrus o mais determinante no topónimo Pedreles.
                                                        Alminhas localizadas a nascente da aldeia

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Tabosa - toponímia

Alminha em Tabosa, lat. 40°36'54.02"N e Long.   7°48'12.44"W na estrada para Fornos de Maceira Dão
A aldeia de Tabosa é antiquíssima, mais antiga que Portugal. Em mensagens anteriores, relatámos a sepultura antropomórfica, bem perto da capela de S. Geraldo. Já na pré-historia o ser humano por aqui andou. Provavelmente, o rio dos frades foi o fundamento para a fixação de pessoas. Apesar de se tratar de um rio pequeno, era no entanto caudaloso e favoreceu quer a agricultura, quer outras actividades. O nosso 1º Rei, D. Afonso, demarcou o Couto do Mosteiro de Maceira Dão. Nesse foral, há referencia a tal marcação, com um limite no lugar de “tabulosum” (não tenho a certeza da grafia, irei aclarar) como então era chamada a aldeia de Tabosa.
Os povos aqui afixados, construíram uma ponte, no mesmo local da atual, em tábuas e troncos.
 “Tabulatum Fluvium” palavras que do latim bárbaro significaria, ponte das tábuas sobre o rio. Evoluiu para “Tabulosum”. Posteriormente Tabosa. Sou de opinião estar aqui a origem do topónimo desta aldeia pitoresca, na orla da Serra de Santo António dos Cabaços.
É interessante saber que a aldeia só muito tarde usufruiu de uma ponte em pedra. Só no século XIX, ou simplesmente no século XX.
 Nos interrogatórios enviados à reverendíssima Secretaria de Estado de sua Majestade, o Rei D. José, (lembro aqui que era então ministro, Marquês de Pombal) em 3 de Maio do ano de 1758, pelo Vigário de Fornos de Maceira Dão, Manuel da Fonseca Fernandes, aludia, no item 15º, que o Ribeiro de Tabosa tinha quatro pontes, nos limites desta freguesia:
Uma no lugar de Tabosa, outra no caminho de Vila Garcia para a Igreja, e que, pelas características descritas (ponte em pedra, feita de modo rústico…) corresponde à atual ponte, e ainda duas pontes em cantaria junto do Mosteiro.
Refere ainda, que a ponte de Tabosa se encontrava muito mal segura. Havia vários troncos, paus e tábuas a ligar uma a outra margem e que, foram colocadas sobre tais troncos, diversas lajes de pedra. Relata ainda o clérigo da freguesia que quando se passava na ponte, toda ela tremia.
O rio, e a soma das suas potencialidades, reforçam a ideia da fixação das pessoas. Naquela data, Tabosa possuía 7 moinhos, um lagar de azeite e um pisão.


Lagar de Azeite de Tabosa




Lagar de azeite de Tabosa


O velho lagar de azeite em Tabosa


Como curiosidade, este rio com apenas 7 a 8  quilometros de extensão, foi recebendo nomes como:
Sepultura antrapomorfica em Tabosa
"Rio da Sra do Castelo; Rio da Lavandeira; Rio da Roda; Rio de Tabosa; Rio dos Frades. O mais sujestivo dos nomes é que vulgarmente chamam Rio dos Cágados. 



O moinho do Ferreira em Tabosa - não ativo


O moinho do Celestino em Tabosa - ainda ativo
Na cumeeira de casa em granito em frente da Capela, desapareceu uma pedra com relevo, e de algum interesse historico.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Combatentes da 1ª Grande Guerra

Capacete trazido por meu avô

Fornos de Maceira Dão
Convido a conhecer pedaços da vida de pessoas que participaram na 1ª Grande Guerra, naturais desta comunidade. Factos narrados pelos próprios, a seus familiares. Chegou ao meu conhecimento que desta freguesia foram três os participantes na Grande Guerra: Bernardino Fernandes de Tibalde, Adelino Loureiro de Fagilde e Bernardo da Costa de Fornos de Maceira Dão. Este último era o meu avô materno. Os Relatos que vou descrever, foram transmitidos a sua filha (minha Mãe). Dizia ele: Num dia de batalha, estando o combate a correr desfavorável, ele e os companheiros, escaparam com vida, ao se deitarem no chão junto de outros mortos, fingindo-se também mortos. Conseguiram traduzir estas palavras dos soldados inimigos “Estão todos mortos entre outras frases que não souberam traduzir. Depois de se sentirem seguros regressaram a suas bases. Relatava meu avô que havia dias que apenas comiam cabeças de nabo encontradas nos campos. A água, quantas vezes era bebida nas poças das patas dos cavalos. Terminada a guerra regressou a Portugal, trazendo consigo uma farda ou capote, um cantil e um capacete. O capote era usado no Entrudo por quem lho pedisse. O capacete ainda é da minha lembrança e esteve arrumado numa casota do campo de serventia a pequenas alfaias agrícolas. O general Santos Costa, teve conhecimento da sua existência e mostrou algum interesse em adquiri-lo.
As guerras deixam sempre feridas. Meu avô jamais foi o homem que era. Três graves problemas o acompanharam até ao final da sua vida. O tique da cuspideira, pois passava o dia cuspindo, do trauma dos gases e cheiros da guerra. O tique dos pés, por desviar-se de objectos suspeitos ou dos cadáveres. Perdeu para sempre o fulgor da sua cabeça, resultante dos já referidos traumas. Ainda assim, contava minha mãe, que para esquecer amarguras, longe da pátria e da família, ainda cantavam. Minha mãe conseguiu lembrar uma dessas canções:
Passa frio, passa fome
O soldado até nem come
Nada tem nada lhe dói

Ser soldado é uma ilusão
Ter a força dum leão
E a bravura dum herói

Quando vamos prá trincheira
Metendo a mão no bornal
Ao puxar pela cigarreira
Que veio da pátria amada
Desse lindo Portugal

O Sr. José Ferreira da Silva, “Zé Peras” como era conhecido, homem de forte personalidade, rigoroso na estima, foi, nas meadas do século XX, trabalhar para o “Alentejo” embora do Ribatejo se referisse. Seu patrão chamava-se Jacinto e vivia no lugar de Casal Douro, Vila Chã de Ourique, Cartaxo. De onde vens, José Ferreira? De Mangualde, mais concretamente de Fornos de Maceira Dão. Calma Aí – retorquiu o patrão. Eu lutei na Grande Guerra em França ao lado de um conterrâneo teu, de nome Bernardo da Costa. Meu vizinho – respondeu o José Ferreira.

Então, seu patrão divagou no tempo e iniciou a relatar que num certo dia ele teve informações de que o local onde se encontrava um pelotão de soldados aliados, iria ser atacado. De imediato se colocaram em fuga. De facto, o local foi atacado, para espanto de todos. Por tal motivo veio a ser condecorado.

Seria uma grande homenagem referenciar estes nomes e de muitos outros que por circunstancias diversas se bateram.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Oliveira centenária em Fornos Maceira Dão


Oliveira (Olea europaea L.) junto à Igreja Paroquial - lado Norte junto ao velho caminho para Vila Garcia. Se lhe perguntasse a idade, ela responderia: muitas centenas, ou até um milhar de anos, sabendo-se que foi plantada num cabeço de terrenos muito secos, logo de crescimento menor. Belo exemplar.


sábado, 4 de janeiro de 2014

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Mosteiro de Maceira Dão - Altar



o Altar do Mosteiro pode ser visto na Igreja Paroquial de Fragosela. Foi vendido aquela paroquia por um antigo proprietário  - Abel Rosado.



 Este teve de ser serrado e adaptado ao espaço. Informação popular reafirma que foi desmontado e transportado em carros de bois, em várias noites, no trajeto: Fontinhas, Silveira - aqui foi feita uma ponte com estruturas em ferro e madeira - daí seguiam para Sobral do Dão e Fragosela.


Fornos de Maceira Dão - Século XIX




Igreja Paroquial

Em 13 de Fevereiro de 1805, o padre Fradique Soares do Amaral e Barros, abade da vila e freguesia de Sever, examinador sinodal, e Arcipreste do 1º Arciprestado de Lafões, em visita à Igreja Paroquial, pedia à comendadora que mandasse fazer outra imagem do Padroeiro São Miguel, mais decente e sem o Lucifer ou Dragão que tinha a Seus pés.

O Visitador João Cipriano de Assis Morais, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Abade de São João Batista de Silva Escura, determinou:

A Confraria de Nossa Senhora do Rosário mandará fazer um vestido decente para a imagem do Menino Jesus no altar ao lado da epístola, pois tem vestido curto e de calças que tem, por menos sério, é absolutamente impróprio de uma imagem tão respeitável.

A Confraria de S. Sebastião comprará um resplendor para a imagem do Santo Mártir e uma banda para a cintura, pois o seu estado não é decente.

Nesta época, era abade da paróquia, o vigário Manuel Viegas e Bispo de Viseu, D. Francisco Alexandre Lobo.

As Invasões Francesas

A 3ª Invasão Francesa, ocorrida em 1810, causou enorme impacto nas populações desta e de outras comunidades, o desesperante mês de Setembro. Era intuitivo que as tropas invasoras teriam de atravessar a freguesia para atingirem Viseu. A brigada Ferrey da divisão Loison e a brigada de cavalaria Lamotte assenhoraram-se da ponte de Fagilde. Alguns habitantes foram mortos: José da Costa Monteiro, das quintas do Rio Dão, e que amanhava os terrenos quando foi avistado pelos soldados, de imediato foi morto. Há ainda uma referência de óbito, morto pelos franceses, de um cidadão de Fornos, e que se teria deslocado a Mangualde, para resolver algum assunto. Provavelmente mais casos teriam ocorrido.

A guerra civil

Julgo ser no ano de 1828, a 5 Junho, que se travou uma batalha ou disputa – o combate da Ponte de Fagilde.

Os constitucionalistas estariam em vantagem, e são então pedidos reforços ao Brigadeiro Manuel Cardoso de Faria Pinto, natural de Fornos de Maceira Dão – proprietário do solar da Quinta de Santo António, e onde aí funcionou um quartel das forças absolutistas. Os Reforços não tardaram, dando fôlego aos defensores de D. Miguel, que impuseram a retirada das forças constitucionalistas para Viseu e outros locais.

Era património da atrás referida casa senhorial, os terrenos colados à Rua da Cavalaria. Ali se situavam os estábulos para os cavalos – daí o nome do terreno – Quinta da Cavalaria, ou simplesmente Cavalaria, como hoje é conhecida.

No século XX, um abastado proprietário daquele Solar, Sr. Almeida, descobriu o carimbo em uso nessa estrutura militar, achado por um trabalhador agrícola.

O Mosteiro

Em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas, inicia-se o processo de degradação e de delapidação do Mosteiro de Maceira Dão. Em mensagens futuras, iremos dedicar-nos ao património, que se perdeu, nessa época, o Ministro Joaquim António Aguiar, promulga a lei a 30 de Maio de 1834, também conhecido por mata frades e que extinguia mosteiros, colégios, conventos e outras instituições religiosas.

Como podemos constatar, este século, está repleto de ocorrências marcantes na vida desta comunidade.