sábado, 17 de março de 2018

A aldeia do Companheiro, Sátão, aldeias abandonadas em Portugal.


Aldeia do Companheiro, uma aldeia abandonada, deserta.


Aldeia do Companheiro, e as suas 25 habitaçoes ao abandono. A atividade agricola foi outrora intensa, actualmente algum azeite é recolhido.

Estes locais “aldeias desertas” têm imensas histórias para memória futura. Em locais remotos? Pelo contrário, bem localizados, lugares paradisíacos, a beira de rios (Coja) ou em montanhas, com boa exposiçao solar.

As autarquias deviam acarinhar e incentivar efetuar recolhas e proporcionar a fixação de pessoas. 

Restaurar algumas casas e colocar á disposição para alojamentos locais. Quem vem ali passar férias até pode vir a comprar. As autarquias deveriam elaborar, essencialmente nestes locais, percursos sinalisados, homologados, e com roteiro contendo aspetos geologicos, geomorfologicos, lendário e outros. Uma pequena represa ou charca no seu ribeiro, a 250 metros para sul da aldeia, onde ainda dona Iria lava a roupa, sendo como que um chamariz para outras atividades, até para combate a incendios, até como reserva em crises de água, o aproveitamento do local para um parque campismo municipal, pois já dispõe de edificações de apoio, para bungalows e demais serviços, é obvio, só depois de se negociar ou acordar com os proprietarios. A realização, pela Camara Municipal, de percursos nestes locais deprimidos, mostrando a potenciais investidores. 

As oliveiras e demais arvores de fruto, gostam do local, pelo que eu apreciei, já que também eu produzo azeite e frutos biologicos para auto consumo e ofertas. As autarquias deveriam realizar uma "agenda 21 local" em toda a área dos seus concelhos, levantamento exaustivo das potencialidades, um regato, rio, geologia, gemorfologia, ruas rurais, relevo, monumentos naturais, construídos, paisagisticos, culturais, historicos, lendários, de atividades ancestrais, pastorícia, queijaria, ervas aromáticas locais, como o salpor, há que chame o tomilho ibérico, onde em Espanha é cultivido para exportação, e onde reparei existirem na  Aldeia do Companheiro. Os cestos e gamelas e assentos etc. de palha de centeio e que Dona Iria possui em sua casa, elaborados pelo seu pai e outros, e me ofereceu um exemplar, o que se perdeu e vai perdendo. Senhores responsáveis camarários, criem uma marca "SATAM" e recebam os produtos dos pequenos produtores e promovam a sua venda. A maioria das pessoas não se sentem capazes de se aventurarem num desafio destes. Deviam ser apoiados, e com preços garantidos antes da produção. Divulgue-se a aldeia mesmo nestas condições. Muitos estrangeiros procuram estes locais, como foi o caso de Cabrum em Viseu, e estão a dar vida a aldeia deserta, e o caso de Casfreires em Vila Nova de Paiva, onde muitos campistas holandeses voltaram para comprar terrenos e casas na aldeia.

O abandono dos locais é a causa primeira dos incendios. Gastos de fortunas em estruturas centralizadas e que nada produzem e nada se investe nesses locais, com excelentes condições para se garantirem excelentes produtos, Frutas e derivados processados - compotas, sumos, conservas, etc. Áreas cultivadas não necessitam de controlo e de estruturas pesadas comtra incendios. Já é tempo de se abrir a mente e planear corretamente quem o que se deve apoiar.

Os relatos de factos ocorridos nesses locais. O que Dona Iria contou, casos dignos de filmes. Alguns factos para um estudo de caso. Outros, belos romances e bons livros se escreviam. Todos estes saberes desaparecem ao partirem as pessoas. Vamos ouvir e guardar.


Aldeia do Companheiro, artesanato outrora executado por moradores
Artesanato outrora efetuado na Aldeia do Companheiro



Valoriza-se o mediatismo, o “vejam”, a entrevista, o jornal, a propaganda, a economia, a visita, a inauguração, o riquismo, o protagonismo, o oportunismo, o fulanismo, um lugar ao sol, o imbecismo, a influência, o despesismo... Fica-se com a sensação: ISTO É DE LOUCOS. Claro que cansa encarar estas situações. Larguem os gabinetes, vão para o terreno, senhores responsáveis. 

Ocorre-me ainda, lembrar a imensa família de autarcas com subvenções vitalícias, bem cedo, sabendo que muitos deles, foram mal formatados, e maus gestores, ainda assim compensados, face ao comum cidadão com reformas ridículas, ene vezes inferiores a estes senhores, e forçados a sair destas aldeias, esquecidos, cenário que poderiam ajudar a evitar.

Não me revejo neste sistema.

Não vou ao Dubai e andar no deserto nos camelos, vou andar por aqui, a ver desertos e alguns camelos que contribuíram para estes desertos. vamos ficar por aqui, na indignação.

Aldeia do Companheiro

Conta a Dona Iria que os últimos habitantes retiraram nos finais do século XX. Lembra ela, os bailaricos apinhados de gente, os cantares dos sachadores e dos regadores de milho, do corte e da malha do centeio, da apanha da fruta saborosa.

Pobres mas alegres, da ída á fonte com o cântaro, da missa dominical com a única roupa domingueira, a quilómetros de distância, em Sezures. Aos poucos viu sair todos, estrangeiro, cidades, aldeias vizinhas, e a aldeia está deserta. 

Muitos ali nascidos não passam sem visitar o sitio com regularidade e até vão amanhando alguns campos. Outros preferem nem voltar lá, afirmam ficar chocados com tamanho abandono. 

Dona Iria não compreende porque ainda produz alguns produtos da terra, biológicos, e não pode vender. Vinho, azeite, batata, feijão, legumes … antigamente ninguém “chatiava e faziam-se uns tostões”, “eles estão doidos”. O que faço para o ano, se ainda não vendi este ano ? Vou abandonar. É aqui o cerne da questão, senhores responsáveis, senhores politicos. 

De parcos recursos, mas feliz, a sua casa não tem electricidade, tem um poste junto da casa, diz que não precisa. Nem frigorífico, nem televisão, quando vou a casa do meu irmão ainda olho para a televisão, mas fico descontente. A abundância estragou as pessoas, afirma.

A Dona Iria talvez se quisesse referir ao comportamento materialista e consumista das pessoas e do mundo. Com uma reforma pouco favorecida, compete com reformas altíssimas, comparativamente, de gente que afirma ter descontado, para hoje ter boas reformas, se descontou é porque ganhava mais e logo aí havia injustiça, afirma ela. Uns com tanto outros com tanto pouco, ainda assim devo ser mais feliz que muitos desses.

Toponímia da Aldeia do Companheiro (popular) 

Contou Dona Iria que a origem toponímica se deveu, a um facto ocorrido no seculo XV ou XVI. Este relato foi-lhe transmitido pelo seu querido pai. Naquele tempo, um caminhante abastado, vindo dos lados da Cavaca, ali passou na orientaçao de Carvalhal e daí prosseguir para o seu outro destino. Pelas difíceis condições climatéricas, pediu ajuda numa casa. Foi concedido todo o apoio e o caminhante, agradeceu ao chefe da casa: foste um bom companheiro. Desde então ficou o sítio conhecido  como o local do bom companheiro.


A riqueza geologica da Aldeia do Companheiro.


Aldeia do Companheiro, um dos muitos afloramentos envolventes  


Aldeia do Companheiro - Afloramentos

Aldeia do Companheiro - geoformas


Aldeia do Companheiro - afloramento
Aldeia do Companheiro - aspeto de ex-explorações mineiras na zona envolvente
Aldeia do Companheiro 



Agradecimento a Dona Iria pela sua disponibilidade e pela oferta da singela informação sobre esta aldeia abandonada, onde ela possui alguns terrenos, outrora cultivados. Já realizei várias caminhadas no local e pude verificar as inscrições em uma casa do ano de 1689, não sendo das construções mais antigas, como referiu a Senhora que também frisou, ter outras informações a revelar e que lamenta não haver a quem informar. 

Espero com esta simples e humilde publicação, divulgar o local, já que este blog é visto seis vezes mais no estrangeiro que em Portugal. 

Fico satisfeito por, algumas mensagens, fazerem deslocar estudiosos, catedraticos de universidades europeias, a alguns dos locais, para elaborar estudos, nas suas ferias, e ficarem tristes pelas entidades não se interessarem por alguns dos casos, como por exemplo o Professor Martin da Academia de Historia de Espanha, na sua deslocação ao Carvalhal das Romãs, Silvã de Cima e Fornos de Maceira Dão, relativamente a estudo sobre os Celtas. Esta não é a minha área.




Nota: Em caso querer visitar o lugar, muito cuidado, o piso é irregular e sem alcatrão. Está a aldeia do Companheiro sinalisada na Aldeia de Carvalhal das Romãs (Rua Fundo do Povo) e na Aldeia de Vacaria (M 570).

Elaborado por Jose Manuel Costa Amaral em 17 de Março de 2018 





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