sexta-feira, 20 de junho de 2025

Fujaco, São Pedro do Sul

Aldeia de xisto

Tomilho (thymus) rastejante muito avistado no Fujaco, foto tirada nas coordenadas geográficas 40,8449512, -8,0741378





O topónimo Fujaco

 A inexistência na idade média, de terrenos para cultivo nos locais já ocupados e de bom maneio agrícola. A situação de pobreza, sem campos, obrigou criaturas fugirem para locais de terra de ninguém (baldios). Aqui seria possível sobreviver, numa época, onde a base da existência era a agricultura e pastorícia. Aí, os rebanhos teriam alimento nas encostas da imensa serra, sem que algum proprietário os ameaçasse em alguma guerrilha ou disputa, pela posse de terras, sobretudo nos vales produtivos. Foram empurrados para lugares que outros não queriam, ou por disporem de terrenos, ou ainda pelas imensas dificuldades de criar solos aráveis. Apesar não surgirem provas, presume-se que duas a quatro famílias foram os primeiros habitantes do sítio. Nessa era, seria impossível uma única família ali habitar. Isolamento, animais selvagens como lobos, corsos, raposas, saca rabos, aves de rapina e outros, eram abundantes. Este local, nasce da angústia pela sobrevivência, uma guerra pela vida. O esforço de dotar o local com solos aráveis foi gigantesco, só possível pela entreajuda de um punhado de famílias e gradual aumento demográfico. Surpreende ainda hoje ver os socalcos de pequeniníssima dimensão onde o milho e centeio eram cultivados, base da alimentação para pessoas e animais. Socalcos a sul da escola, até ao Loureiro. Em todas as direções e encostas, a lembrar um mini Tibete, hoje ao abandono. Mais surpreendente ainda foi a construção de sistema de irrigação, na utilização da água dos rios e nascentes, que percorriam quilómetros por levadas com troços em precipícios, abertas na rocha. Em algumas levadas, corria a água ininterruptamente, para ser utilizada no consumo doméstico. Foi sem dúvida a presença de nascentes (fonte Cimeira, fonte do Sarzedo e fonte de água férrea, entre outras) e três ribeiras, a falta de terras para cultivo nos vales mais baixos, a falta de espaços para pastagem, a falta de matéria combustível para cozinhar e aquecer, predicados determinantes na fixação de pessoas neste local. A etimologia Fujaco, sugere um local para onde ‘fuja’. A grafia e a fonética pouco alteraram desde a idade média. A angústia dos que nada tinham. Na expressão ‘Fuja com o António’, no léxico popular seria: ‘Fuja co toino’. A figura Toino (António), um dos angustiados, serviu de exemplo no mesmo destino de outros. E eis que o topónimo Fujaco = (Fuja+co) um local para onde “fuja”, e que aí se apegaram ao longo dos tempos. Habitações Na idade média, as casas eram muito pequenas, esburacadas, muitas sem divisões, sendo o lugar de cozinhar em chafurdo, servindo o degrau como banco, para cozinhar, comer, aquecer, estar em família. Muito modestas. Não havia chaminé. O fumo conservava os troncos da cobertura e afastava as osgas e demais bicharada. Ainda existem exemplares dessas habitações. O xisto foi arrancado no próprio lugar onde iria nascer a habitação, e de menor aptidão agrícola, viradas a sul, para boa exposição solar, acostadas, para proteção comum. Com o passar dos anos, foram aglomerando e com maior volumetria. Nalguns pontos da serra, sinalizados, havia os louseiros, onde as lousas de cobertura eram extraídas. Locais ainda conhecidos dos atuais habitantes mas que não ousam ir para nos informar. A insegurança, a idade, o mau estado dos acessos, são os argumentos.





Virgílio, o ultimo grande pastor do Fujaco (foto autorizada)

Atividades e cultura   

O rebanho comunitário, que no seu auge teve milhar e meio de cabeças de gado, as desfolhadas durante a noite, a feitura de azeite no lagar junto ao ribeiro, que ainda preserva o alvará de funcionamento. A azeitona era transportada ao lagar, também às costas, confidenciou Virgílio. As galgas eram mobilizadas por uma vaca de olhos vendados. O moer do milho nos moinhos hidráulicos, o cozer da broa nos fornos, dentro das casas ou nos pátios. Em casa do perecido Salazar, ainda existe um desses fornos. A produção de mel. Era necessário sobreviver, alimentando seus habitantes.

A aldeia do Fujaco manteve uma coexistência curiosa de entreajuda coletiva, desde a construção das casas, dos socalcos, da pastorícia, dos sistemas de irrigação e dos trabalhos agrícolas. O comunitarismo era a base social dos habitantes.

Também se trabalhava na cestaria, lembrando o seu maior cesteiro, Tio Delmiro. No fabrico e arranjo de tamancos como o Tio Domingos e na tecelagem como a Sra. Maria ? Na tanoaria como o Manel dos pipos, marido da tia Custódia do Pego. Para Drave se deslocava e aí trabalhava. Ali, os clientes eram abundantes. Aldeia autossuficiente no passado, até meados do século XX.

A Maria Pulinha que trazia o pão fresco de Leirados.

A Tia Guida e a Nascimenta que iam Sul para trazerem o correio.

A Tia Luz, a “parteira”.

A Maria Pardieira a cozinheira com dotes afirmados e também “parteira”.  

A tia Belandina, era a popular rezadeira do Fujaco.  A reza das doze “palavras” ditas e “retornadas”, e a intenção:


Pela Santa Casa de Jerusalém

Por onde Jesus morreu, ámen.

 

Custódio amigo meu,

Custódio amigo teu, não

 

Pelas duas tábuas de Moisés

Custódio amigo meu,

Custódio amigo teu, não

 

Pelas três pessoas da Santíssima Trindade

Custódio amigo meu,

Custódio amigo teu, não

 

Pelos primeiros quatro evangelistas

Custódio amigo meu,

Custódio amigo teu, não

 

Pelas cinco chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo

Custódio amigo meu,

Custódio amigo teu, não

 

Pelos seis primeiros evangelistas

Custódio amigo meu,

Custódio amigo teu, não

 

 

Pelos sete sacramentos

Custódio amigo meu,

Custódio amigo teu, não

 

Pelos oito cordientes ??

Custódio amigo meu,

Custódio amigo teu, não

 

Pelos nove meses que Jesus andou dentro do ventre de sua mãe

Custódio amigo meu,

Custódio amigo teu, não

 

Pelos dez mandamentos

Custódio amigo meu,

Custódio amigo teu, não

 

Pelas onze mil virgens

Custódio amigo meu,

Custódio amigo teu, não

 

Pelos doze apóstolos

Custódio amigo meu,

Custódio amigo teu, não

 

Já que dissemos as doze, vamos dizer as treze

Treze raios leva ao sol, treze raios leva á lua, arrebenta diabo maldito, que esta alma não é tua.

(obrigado a tia Quitas por conseguir recordar esta súplica)


O desenvolvimento dos caminhos-de-ferro em Portugal, no século XIX, deu ao Fujaco um crescimento distinto. A procura de carvão vegetal para uso nas cozinhas e nos comboios a vapor, ditou a fixação de mais pessoas, na procura da matoeira, torga e carrasco, para fabrico do carvão e seu envio a ombros e/ou com animais até Sul e daí para seus destinos.

Poucas décadas depois, surgem as grandes guerras. Ao Fujaco chegam outros habitantes, desta vez para o minério, nas minas do Loureiro, Goirim, Regoufe e um pouco por toda a serra. Trabalho que deixou marcas, o Manuel da Sara que um dia ficou soterrado, mas que escapou com vida, a ajuda dos colegas foi delicada, após ter ficado horas sob rochas.

Graças ao minério, quer no Fujaco quer aldeias envolventes, a demografia foi exponencial.

Perante tal cenário, e findada a guerra em 1945, foi construída no ano de 1950 a escola primária. No primeiro ano de funcionamento era frequentada por 46 alunos. Nessa época, não existia estrada de acesso ao Fujaco, apenas acesso pedonal. Ao Fujaco chegavam também alunos apeados das aldeias ao redor (Bodial, Massagoso, Loureiro, Valverde, Pego, e outros lugares).

Os materiais utilizados na construção da escola, telhas, cimento, salão (espécie de barro usado na época) portas e janelas, e diverso, foram transportados aos ombros e na cabeça desde a Aldeia de Sul. Por cada carga, recebiam meio escudo (50 centavos). Recordo que na transição para o euro, cinquenta anos depois, em 2002, eram necessários mais de 200 escudos na conversão de um euro.  

Um episódio escolar, relatado por Manuel Duarte:

A professora, (regente) vinha a pé da aldeia de Sul, onde morava. Certo dia, o Manel, por uma desavença, foi castigado pela regente, com a régua. No entanto, no compasso, retira a mão, e eis que a régua vai com alguma intensidade, ao joelho da regente. Manel não perdeu tempo, fugiu, abandonando definitivamente a escola, a poucos dias de completar a quarta classe.

Actuais habitantes ainda se lembram da roda-viva da aldeia, dos bailaricos junto da Casa da Tia Custódia do Pego, ali ao lado da fonte das fragas. Os cantadores eram o ti Macieira e um tocador da viola, ???? cujo nome não consegui obter. Os contos, os encontros amorosos na noite escura, na subida pelas janelas na socapa, para meu amor ver, e que nem sempre corria da melhor feição, ou porque alguém desvendou, ou porque tombavam da escada.


O senhor Custódio Lourenço trovando:

Menina do lenço branco

E de encarnado no peito

Diga a seu pai que a case

Eu pra genro tenho jeito

 

Quem me dera ser moleiro

Para moer com o grão

As saudades uma a uma

Que trago no coração 


Cantigas da perecida Palmira Pagalhão sobre a lenda da Silvana, uma de sete irmãs, a jovem mulher de uma lindeza imensa, por quem seu pai, viúvo e perturbado, se apaixonou, e que morreu desgostoso:

 

Mandei fazer um convento

Dos mais altos que havia

P´ra meter Silvana dentro

Lá, rá, lá, rá

Sete anos e um dia

 

 

A Silvana foi ‘par’ dentro

Muito triste, apaixonada

E encontrou suas manas

Lá, rá, lá, rá

A bordar na almofada

 

Deus de saúde a minhas manas

A mais á Virgem Sagrada

Por amor de Deus le peço

Lá, rá, lá, rá

Me de um jarro ‘d’auga’

 

Dava-te ‘auga’ ó Silvana

Mas o pai deixou escrito

Lá, rá, lá, rá

Na ponta da nossa espada

E a primeira que desse ‘auga’

Lá, rá, lá, rá

Tinha a vida tirada

 

A Silvana foi ‘par’ dentro

Muito triste apaixonada

E encontrou sua mãe

Lá, rá, lá, rá

A ‘barreri’ uma escada

 

Deus dé saúde a minha mãe

A mais Virgem Sagrada

Por amor de Deus ‘le’ peço

Lá, rá, lá, rá

Que me dé um jarro ‘d’auga’

 

Dava-te ‘auga’ ó Silvana

Ó Silvana mal fadada

Mais por ver de ti Silvana

Lá, rá, lá, rá

Vivo eu mal casada

 

A Silvana foi ‘par’ dentro

Muito triste, apaixonada

Encontrou seu paizinho

Lá, rá, lá, rá

Encostadinho á escada

 

Deus dé saúde a ‘mé’ paizinho

A mais á virgem sagrada

Por amor de Deus ‘le’ peço

Lá, rá, lá, rá

Que me ‘dé’ um jarro ‘d’áuga’

 

Pegue lá minha mão direita

E a esquerda ‘s’a’ quiser

Que eu sou sua filha

Lá, rá, lá, rá

E não sou sua mulher

 

Venham os jarros d’ouro

Que os de prata já cá estão

P’ra dar ‘auga’ á silvaninha

Lá, rá, lá, rá

Que ela já deu a mão

 

Silvaninha não quer ‘auga’

Que está no céu a ‘buber’

Ai a alma de meu pai

Lá, rá, lá, rá

No inferno vai morrer

 

Muitas estrofes foram perdidas, não havendo quaisquer registos, denotando-se alguma desordem, na estância acima.

 

Nas fontes cimeiras brotava água férrea, no passado, muita usada pelos habitantes para curar maleitas.


Léxico que perdurou até aos anos cinquenta, ou mais tarde, muito usual no Fujaco:

Barulhice = discussão

Mourear = trabalhar sem descanso

Auga ferra = Água curativa da nascente cimeira

Corriqueira = bisbilhoteira

Empesperrado = perplexo

Engemino = teste sobre a preparação para a primeira comunhão

Fragas = maciços rochosos

Cabresto = conserto ou remendo em tamanco

Fonte cansada = fonte que secou

Segar a seara = ceifar cereais

Odre por odre, algum sai podre


A atual Capela de Nossa Senhora dos Remédios foi inaugurada no ano de 1980. A anterior capela localizava-se no meio do casario, onde há um cruzeiro. Supõe-se que a imagem da padroeira foi oferecida por um benemérito de Nelas, quando o Fujaco ainda não tinha capela, tendo sido colocada na igreja da freguesia de Sul, aguardando a construção da primeira capela do Fujaco, para onde foi em procissão.


Fujaco á noite, quanta magia, obrigado ao autor da foto

Acessos

Só no ano de 1999 ou ano 2000, o Fujaco teve acesso para viaturas em forma de estradão. Até então, o adubo em sacos, era trazido, aos ombros desde Regoufe. No trilho, havia uma fraga difícil de passar, um precipício perigoso no lugar das Cavadas.

Lembro dum episódio sucedido, no inicio deste século. O senhor António Lourenço Alves, contactou-me para se contratualizar uma atuação com o grupo musical Apocalipse, (grupo familiar onde quatro irmãos - eu, meu irmão Lita, meu irmão Toneca e minha irmã Madalena) participávamos.

Chegados ao largo do ribeiro, daí até á escola a estrada era em terra batida. As carrinhas, na época, eram ligeiras e patinavam. Então, as pessoas da aldeia, empurraram as viaturas e lá conseguimos atuar. A alegria foi enorme na Festa da Senhora dos Remédios e de entre os muitos dançantes, sobressai um casal a dançar continuamente o Anselmo e a Paula que até teve dedicatória. Naquela época, já havíamos atuado em vários locais do concelho: Em Sul com o cantor Pedro Barroso, em Pindelo dos Milagres com Marco Paulo, em Bordonhos, Arcozelo, Ucha, Cobertinha, Vila Maior, e outras localidades.    

 

Quando, em certos anos, a agricultura pouco produzia, muitos habitantes compravam batata e cereais em Aveloso, Drave, Pena, Covas do Rio, etc.

Tudo transportado às costas. Lembra Virgílio, que num ano, ele e Dona Prazeres, cada qual com seu saco de milho desde Drave ao Fujaco. Vida difícil.   

A electricidade no Fujaco é muito recente e poucos anos antes do estradão de acesso.


"O dia da Luz"


Fotos cedidas por Isabel Martins

Na procura de melhores condições de vida, ocorre o êxodo das populações para diferentes destinos.

O descuido das entidades em investimentos estruturantes, marcou isolamento dum lugar com potencial turístico, ambiental, económico, paisagístico, arquitectónico, desportivo e até histórico, e está a agonizar a aldeia. 

Abate ver os moinhos, o lagar de azeite, os canastros, as casas, em ruínas, a arquitetura adulterada, onde o xisto deveria prevalecer, pessoalmente adorava ver a capela e a escola em xisto, sim porque o Fujaco tem montanhas mágicas de xisto.  

Mais triste ainda é constatar a falta do seu melhor património, a população. Em cinco décadas, perdeu mais de 90% das suas gentes, sendo que os residentes contam apenas 11 habitantes em 2 025, maioria com idades maduras. A erosão demográfica asfixia a aldeia. A completa estagnação económica de hoje, que pouco produz, relativamente a outras épocas, (produtos agrícolas, animais, carvão, os minérios, etc.). No entanto, quatro dos habitantes, noutra localidade, bem perto, ainda produzem uma excelente broa, considerando-a a melhor broa que vou comendo. Sempre que posso, faço o pedido de encomenda, nas minhas idas ao Fujaco. Parabéns á Pastelaria Beladina.  


A excelente broa que gentes do Fujaco fabricam


Mel multifloral do Fujaco, considerável a flor da calluna vulgaris (urze) e da carqueja (baccharis trimera

Fauna

No que respeita á fauna, apenas faço referência a espécies que já observei:

Javali, corso, raposa, saca rabo, cobra (não consegui ver se era a víbora cornuda), osga, licranço, pombo bravo, melro, toutinegra, coruja, chapim, pombo bravo, falcão peregrino, tordo, esquilo vermelho, e ainda outras aves que não consegui identificar.


Urge refletir o nosso Fujaco. São sobejamente conhecidas as aldeias abandonadas em redor, Loureiro, Massagoso, Valverde, Goirim, Pego, Drave, entre outras.

O Fujaco e zona envolvente contribuíram no desígnio coletivo da nação, evidentemente á sua dimensão.

Valorizar o latente turístico. Dispõe já de alojamentos locais, num contexto de soberba paisagem, biodiversidade, geomorfologia, arquitetura. Etc.


Belos recursos - outro local para espaço de laser 

 Biodiversidade

Linária triornithophora, um endemismo ibérico muito vista no Fujaco. Fotografada junto do Restaurante Rochedo

Erva das azeitonas (Clinopodium nepeta)  pessoalmente, uso esta espécie na conserva de azeitona e na feitura de delicioso chá. É ainda utilizada em perfumes e na cosmética.


Ata pulgas seculares, junto a muro do Fujaco, com um espantoso perímetro de tronco de 15 centímetros, espécie autóctone de Portugal


Carrasco (quercus coccifera)


A Myosotis, também conhecida por não me esqueças é muito frequente no Fujaco.


Myosotis fotografada na segunda semana de Janeiro de 2 025, já florida. Num muro entre dois indivíduos da espécie umbigo de vénus que como sabeis é medicinal e comestível.  


Erva das sete sangrias

Espécie já com flores, fotografada na segunda semana de Janeiro de 2025

gilbardeiras



Azevinho. Trazido dum pequeno ramo do Fujaco



 





Murta no meu jardim trazida de um ramo de Leirados, com frequência faço chá, com as folhas mais viçosas









Espécies invasoras

Assiste-se á proliferação no nosso Fujaco de várias espécies, como:

Háquia picante, eucalipto, acácia, uva dos ratos, erva-da-fortuna, entre outras, e que estão a alterar negativamente a paisagem.


Por iniciativa de José Soares, operou desde o ano de 1980 a 1997, uma mercearia e taberna, onde hoje existe um alojamento local, Canastro Nature Spot. Em 1995, colocou também em funcionamento o Restaurante Rochedo, iniciativa corajosa para o meio.


 Concluo com um bloco de pedidos para interromper a agonia da aldeia.

Acessos á internet e comunicação.

Via alargada á aldeia desde Sul.

Rede de percursos pedestres homologados, com potencial para pequenas e grandes rotas, reavivando as trilhas do passado.  

Circuitos de montanha.

Alcatroamento dos 2,6 quilómetros do estradão da antiga escola para a serra, estimulando visitas circulares em viaturas, melhorando e encurtando acessos.

Construção de praia fluvial, agregando uma cascata, zona de lazer e espaço para merendas, em local, reforçando estruturas já existentes do passado, do sistema de regadio, agora em desuso. Como exemplo, elegia a praia de Cardigos, a Foz do Cobrão, Foz do Égua, Benfeita, Sótão, Carvoeiro, Portagem, Meimoa e outras, erigidas em pequenos ribeiros. No caso de Cardigos e porque podia comprometer o funcionamento durante a estiagem, foi erigida uma pequena represa em terra, reserva que vai garantindo o pleno funcionamento da praia, no verão. Apesar de sazonais, vários postos de trabalho emergiram, quer na actividade do bar e restaurante, quer os nadadores salvadores, em locais deprimidos em empregos. A praia fluvial com espaço mais adequado ao Fujaco, é a Zona de Lazer do Vale de Gaios, em Tábua, onde também existe um excelente percurso pedestre, ao longo do Rio Cavalos.

Instalar sinalética á entrada do Fujaco, informando que junto da antiga escola há parqueamento, capela, miradouro, moinhos, e sede da associação, potenciando aquele local elevado donde se avistam as montanhas e vales, os meandros da estrada, o casario em presépio. Muitos turistas, reclamam pela falta de informação depois da visita.


Cenário edílico do Fujaco, miradouro da outrora escola, hoje sede da Associação 

Estimular proprietários na recuperação ou venda das casas, atraindo mais pessoas.

Todos nós, poderemos alavancar o Fujaco, investindo e dedicando-lhe mais tempo. De que nos serve relevar a aldeia se não colaboro para atenuar o seu despovoamento? Realço o facto de após a visitar pela primeira vez, desde então, já recuperei três casas. Uma vendida á Família Beleza. Nesta casa, e a pedido da autarquia, recuei cerca de um metro, para melhoria das acessibilidades. A segunda é propriedade do amigo Eduardo que tem investido e abriu o AL (alojamento local) Refúgio do Fujaco. A terceira casa, a minha “cabana”, que com regularidade usufruo. Peço que cada um de nós se empenhe, haverá melhorias. A diáspora do Fujaco deverá empenhar-se energicamente.

O restauro dos moinhos e dos canastros, elementos de referência cultural e turística.

Libertar no PDM espaços para construção de novas casas, que respeitem a arquitetura local, nomeadamente paredes e coberturas em xisto, no troço do limite urbano, da entrada na aldeia, até aos limites dos arruinados moinhos.

Plantação de flores resistentes em todas as ruas, compondo um jardim apelativo a visitantes para estimular turistas e potenciais investidores e novos moradores, o Fujaco florido.

Construção de um ou mais trolls como elemento apelativo para novos desejos, com vista ao aumento turístico da aldeia, chamariz para investidores. Julgo que é com o incremento do turismo que poderá fixar mais residentes no Fujaco.   


Elaborei, para consumo próprio, estes três percursos no Fujaco, tendo já realizado o troço Fujaco - eólicas e daí São Macário. (confidenciou-me o Virgílio, que este trilho era o carreiro que ele e outros habitantes palmilhavam quando eram contratados para corte de searas de centeio na aldeia da Pena, Macieira, etc) e ainda Fujaco - Leirados e Aldeias. Percursos ao longo das levadas que outrora regavam os socalcos. O potencial para mais percursos é imenso.


Existe uma Associação de Baldios - ACRFujaco, com sede na escola, instituição em quem os amigos do Fujaco depositam alguma esperança, na dinamização e iniciativas potenciadoras de disposições e eventos para a aldeia, animação, cultura, e outros de interesse mais estruturante.

Recorrendo ou não a outras entidades, esta Associação, pode elaborar um ou vários percursos pedestres e submete-lo para homologação de fundamental estrutura desportiva, junto da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP). Deve também candidatar-se a programas de financiamento noutros projetos e mobilizar os habitantes, a diáspora, que é bem maior que os residentes, e demais amigos do Fujaco.

Aquele organismo poderia conceber um mini museu na sua sede, reunindo elementos da população ao longo de todos os tempos (fotos, objetos, atos, relatos, escritos, memórias, tradições, lendas, jogos e outros documentos, dos fujacenses ali nascidos e seus descendentes, outrossim os elementos constantes nesta colheita de dados.

Criar um hub de artesanato e ofertas para venda pública, como forma de divulgar o Fujaco e angariar fundos para investimentos estruturantes:

- Boinas, chapéus etc., contendo escrito Fujaco;

- Casa de xisto miniatura da aldeia;

- Lousas pintadas do local;

- Velharias recuperadas

- Outras ofertas de pessoas, etc. etc…

 

Ponderações

Um visitante no Fujaco quer refrescar-se, não tem onde, quer caminhar e não tem percurso sinalizado, quer uma peça de artesanato e não encontra, quer saber da história da aldeia e nada há informar, nem sobre espécies de plantas medicinais ou outras, sobre a micologia local, nenhuma referência.


Os últimos nascimentos no Fujaco ocorreram em 1989 e 1990, respetivamente o Sérgio Lourenço e a Lúcia.

Este trabalho é dinâmico, o alicerce para ampliação. Quaisquer informações adicionais relevantes sobre a aldeia do Fujaco, poderá dilatar e melhorar seu conteúdo. É minha convicção, emergirem.

A gratidão a todos que cooperaram e averiguaram nesta coleta monográfica sobre o Fujaco, porção das fontes informativas desta memória.


Urze e carqueja, as melíferas abundantes no Fujaco 

As vivencias passadas do nosso Fujaco desapareceram. Será que os vindouros apontam qualquer interesse do modo de vida dos seus progenitores? Quero acreditar que sim.

Relembro o pedido, que cada um de nós se esforce e reflita sobre a aldeia, execute e medeie junto das entidades, na busca de plano de revitalização, dotando-o de préstimos e alcances, pois "alcança quem não cansa".


José Manuel Costa Amaral, 15 de Junho de 2025




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