Tomilho (thymus)
rastejante muito avistado no Fujaco, foto tirada nas coordenadas geográficas 40,8449512,
-8,0741378
O topónimo Fujaco
A inexistência na idade média, de terrenos para cultivo nos locais já ocupados e de bom maneio agrícola. A situação de pobreza, sem campos, obrigou criaturas fugirem para locais de terra de ninguém (baldios). Aqui seria possível sobreviver, numa época, onde a base da existência era a agricultura e pastorícia. Aí, os rebanhos teriam alimento nas encostas da imensa serra, sem que algum proprietário os ameaçasse em alguma guerrilha ou disputa, pela posse de terras, sobretudo nos vales produtivos. Foram empurrados para lugares que outros não queriam, ou por disporem de terrenos, ou ainda pelas imensas dificuldades de criar solos aráveis. Apesar não surgirem provas, presume-se que duas a quatro famílias foram os primeiros habitantes do sítio. Nessa era, seria impossível uma única família ali habitar. Isolamento, animais selvagens como lobos, corsos, raposas, saca rabos, aves de rapina e outros, eram abundantes. Este local, nasce da angústia pela sobrevivência, uma guerra pela vida. O esforço de dotar o local com solos aráveis foi gigantesco, só possível pela entreajuda de um punhado de famílias e gradual aumento demográfico. Surpreende ainda hoje ver os socalcos de pequeniníssima dimensão onde o milho e centeio eram cultivados, base da alimentação para pessoas e animais. Socalcos a sul da escola, até ao Loureiro. Em todas as direções e encostas, a lembrar um mini Tibete, hoje ao abandono. Mais surpreendente ainda foi a construção de sistema de irrigação, na utilização da água dos rios e nascentes, que percorriam quilómetros por levadas com troços em precipícios, abertas na rocha. Em algumas levadas, corria a água ininterruptamente, para ser utilizada no consumo doméstico. Foi sem dúvida a presença de nascentes (fonte Cimeira, fonte do Sarzedo e fonte de água férrea, entre outras) e três ribeiras, a falta de terras para cultivo nos vales mais baixos, a falta de espaços para pastagem, a falta de matéria combustível para cozinhar e aquecer, predicados determinantes na fixação de pessoas neste local. A etimologia Fujaco, sugere um local para onde ‘fuja’. A grafia e a fonética pouco alteraram desde a idade média. A angústia dos que nada tinham. Na expressão ‘Fuja com o António’, no léxico popular seria: ‘Fuja co toino’. A figura Toino (António), um dos angustiados, serviu de exemplo no mesmo destino de outros. E eis que o topónimo Fujaco = (Fuja+co) um local para onde “fuja”, e que aí se apegaram ao longo dos tempos. Habitações Na idade média, as casas eram muito pequenas, esburacadas, muitas sem divisões, sendo o lugar de cozinhar em chafurdo, servindo o degrau como banco, para cozinhar, comer, aquecer, estar em família. Muito modestas. Não havia chaminé. O fumo conservava os troncos da cobertura e afastava as osgas e demais bicharada. Ainda existem exemplares dessas habitações. O xisto foi arrancado no próprio lugar onde iria nascer a habitação, e de menor aptidão agrícola, viradas a sul, para boa exposição solar, acostadas, para proteção comum. Com o passar dos anos, foram aglomerando e com maior volumetria. Nalguns pontos da serra, sinalizados, havia os louseiros, onde as lousas de cobertura eram extraídas. Locais ainda conhecidos dos atuais habitantes mas que não ousam ir para nos informar. A insegurança, a idade, o mau estado dos acessos, são os argumentos.
Atividades e cultura
O rebanho comunitário, que
no seu auge teve milhar e meio de cabeças de gado, as desfolhadas durante a
noite, a feitura de azeite no lagar junto ao ribeiro, que ainda preserva o
alvará de funcionamento. A azeitona era transportada ao lagar, também às costas,
confidenciou Virgílio. As galgas eram mobilizadas por uma vaca de olhos
vendados. O moer do milho nos moinhos hidráulicos, o cozer da broa nos fornos,
dentro das casas ou nos pátios. Em casa do perecido Salazar, ainda existe um
desses fornos. A produção de mel. Era necessário sobreviver, alimentando seus
habitantes.
A aldeia do Fujaco
manteve uma coexistência curiosa de entreajuda coletiva, desde a construção das
casas, dos socalcos, da pastorícia, dos sistemas de irrigação e dos trabalhos
agrícolas. O comunitarismo era a base social dos habitantes.
Também se trabalhava na
cestaria, lembrando o seu maior cesteiro, Tio Delmiro. No fabrico e arranjo de tamancos
como o Tio Domingos e na tecelagem como a Sra. Maria ? Na tanoaria como o Manel
dos pipos, marido da tia Custódia do Pego. Para Drave se deslocava e aí
trabalhava. Ali, os clientes eram abundantes. Aldeia autossuficiente no
passado, até meados do século XX.
A Maria Pulinha que
trazia o pão fresco de Leirados.
A Tia Guida e a
Nascimenta que iam Sul para trazerem o correio.
A Tia Luz, a “parteira”.
A Maria Pardieira a
cozinheira com dotes afirmados e também “parteira”.
A tia Belandina, era a popular
rezadeira do Fujaco. A reza das doze “palavras” ditas e “retornadas”, e a
intenção:
Pela Santa Casa de Jerusalém
Por onde Jesus morreu, ámen.
Custódio amigo meu,
Custódio amigo teu, não
Pelas duas tábuas de Moisés
Custódio amigo meu,
Custódio amigo teu, não
Pelas três pessoas da Santíssima Trindade
Custódio amigo meu,
Custódio amigo teu, não
Pelos primeiros quatro evangelistas
Custódio amigo meu,
Custódio amigo teu, não
Pelas cinco chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo
Custódio amigo meu,
Custódio amigo teu, não
Pelos seis primeiros evangelistas
Custódio amigo meu,
Custódio amigo teu, não
Pelos sete sacramentos
Custódio amigo meu,
Custódio amigo teu, não
Pelos oito cordientes ??
Custódio amigo meu,
Custódio amigo teu, não
Pelos nove meses que Jesus andou dentro do ventre de sua mãe
Custódio amigo meu,
Custódio amigo teu, não
Pelos dez mandamentos
Custódio amigo meu,
Custódio amigo teu, não
Pelas onze mil virgens
Custódio amigo meu,
Custódio amigo teu, não
Pelos doze apóstolos
Custódio amigo meu,
Custódio amigo teu, não
Já que dissemos as doze, vamos dizer as treze
Treze raios leva ao sol, treze raios leva á lua, arrebenta diabo
maldito, que esta alma não é tua.
(obrigado
a tia Quitas por conseguir recordar esta súplica)
O desenvolvimento dos
caminhos-de-ferro em Portugal, no século XIX, deu ao Fujaco um crescimento distinto.
A procura de carvão vegetal para uso nas cozinhas e nos comboios a vapor, ditou
a fixação de mais pessoas, na procura da matoeira, torga e carrasco, para fabrico
do carvão e seu envio a ombros e/ou com animais até Sul e daí para seus destinos.
Poucas décadas depois,
surgem as grandes guerras. Ao Fujaco chegam outros habitantes, desta vez para o
minério, nas minas do Loureiro, Goirim, Regoufe e um pouco por toda a serra. Trabalho
que deixou marcas, o Manuel da Sara que um dia ficou soterrado, mas que escapou
com vida, a ajuda dos colegas foi delicada, após ter ficado horas sob rochas.
Graças ao minério, quer
no Fujaco quer aldeias envolventes, a demografia foi exponencial.
Perante tal cenário, e findada
a guerra em 1945, foi construída no ano de 1950 a escola primária. No primeiro
ano de funcionamento era frequentada por 46 alunos. Nessa época, não existia
estrada de acesso ao Fujaco, apenas acesso pedonal. Ao Fujaco chegavam também
alunos apeados das aldeias ao redor (Bodial, Massagoso, Loureiro, Valverde,
Pego, e outros lugares).
Os materiais utilizados
na construção da escola, telhas, cimento, salão (espécie de barro usado na
época) portas e janelas, e diverso, foram transportados aos ombros e na cabeça
desde a Aldeia de Sul. Por cada carga, recebiam meio escudo (50 centavos). Recordo
que na transição para o euro, cinquenta anos depois, em 2002, eram necessários
mais de 200 escudos na conversão de um euro.
Um episódio escolar,
relatado por Manuel Duarte:
A
professora, (regente) vinha a pé da aldeia de Sul, onde morava. Certo dia, o
Manel, por uma desavença, foi castigado pela regente, com a régua. No entanto,
no compasso, retira a mão, e eis que a régua vai com alguma intensidade, ao
joelho da regente. Manel não perdeu tempo, fugiu, abandonando definitivamente a
escola, a poucos dias de completar a quarta classe.
O senhor
Custódio Lourenço trovando:
Menina
do lenço branco
E
de encarnado no peito
Diga
a seu pai que a case
Eu
pra genro tenho jeito
Quem
me dera ser moleiro
Para
moer com o grão
As
saudades uma a uma
Que
trago no coração
Cantigas da perecida
Palmira Pagalhão sobre a lenda da Silvana, uma de sete irmãs, a jovem mulher de
uma lindeza imensa, por quem seu pai, viúvo e perturbado, se apaixonou, e que morreu
desgostoso:
Mandei fazer um
convento
Dos mais altos
que havia
P´ra meter
Silvana dentro
Lá, rá, lá, rá
Sete anos e um
dia
A Silvana foi ‘par’
dentro
Muito triste,
apaixonada
E encontrou suas
manas
Lá, rá, lá, rá
A bordar na
almofada
Deus de saúde a
minhas manas
A mais á Virgem
Sagrada
Por amor de Deus
le peço
Lá, rá, lá, rá
Me de um jarro ‘d’auga’
Dava-te ‘auga’ ó
Silvana
Mas o pai deixou
escrito
Lá, rá, lá, rá
Na ponta da
nossa espada
E a primeira que
desse ‘auga’
Lá, rá, lá, rá
Tinha a vida
tirada
A Silvana foi ‘par’
dentro
Muito triste
apaixonada
E encontrou sua
mãe
Lá, rá, lá, rá
A ‘barreri’ uma
escada
Deus dé saúde a
minha mãe
A mais Virgem
Sagrada
Por amor de Deus
‘le’ peço
Lá, rá, lá, rá
Que me dé um
jarro ‘d’auga’
Dava-te ‘auga’ ó
Silvana
Ó Silvana mal
fadada
Mais por ver de
ti Silvana
Lá, rá, lá, rá
Vivo eu mal
casada
A Silvana foi ‘par’
dentro
Muito triste,
apaixonada
Encontrou seu
paizinho
Lá, rá, lá, rá
Encostadinho á
escada
Deus dé saúde a ‘mé’
paizinho
A mais á virgem
sagrada
Por amor de Deus
‘le’ peço
Lá, rá, lá, rá
Que me ‘dé’ um
jarro ‘d’áuga’
Pegue lá minha
mão direita
E a esquerda ‘s’a’
quiser
Que eu sou sua
filha
Lá, rá, lá, rá
E não sou sua
mulher
Venham os jarros
d’ouro
Que os de prata
já cá estão
P’ra dar ‘auga’
á silvaninha
Lá, rá, lá, rá
Que ela já deu a
mão
Silvaninha não
quer ‘auga’
Que está no céu
a ‘buber’
Ai a alma de meu
pai
Lá, rá, lá, rá
No inferno vai
morrer
Muitas
estrofes foram perdidas, não havendo quaisquer registos, denotando-se alguma desordem,
na estância acima.
Nas fontes cimeiras brotava
água férrea, no passado, muita usada pelos habitantes para curar maleitas.
Léxico que perdurou até
aos anos cinquenta, ou mais tarde, muito usual no Fujaco:
Barulhice = discussão
Mourear = trabalhar sem
descanso
Auga ferra = Água
curativa da nascente cimeira
Corriqueira =
bisbilhoteira
Empesperrado = perplexo
Engemino = teste sobre
a preparação para a primeira comunhão
Fragas = maciços
rochosos
Cabresto = conserto ou
remendo em tamanco
Fonte cansada = fonte
que secou
Segar a seara = ceifar
cereais
Odre por odre, algum
sai podre
A atual Capela de Nossa
Senhora dos Remédios foi inaugurada no ano de 1980. A anterior capela
localizava-se no meio do casario, onde há um cruzeiro. Supõe-se que a imagem da
padroeira foi oferecida por um benemérito de Nelas, quando o Fujaco ainda não
tinha capela, tendo sido colocada na igreja da freguesia de Sul, aguardando a
construção da primeira capela do Fujaco, para onde foi em procissão.
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Fujaco á noite, quanta magia, obrigado ao autor da foto
Acessos
Só no ano de 1999 ou
ano 2000, o Fujaco teve acesso para viaturas em forma de estradão. Até então, o
adubo em sacos, era trazido, aos ombros desde Regoufe. No trilho, havia uma
fraga difícil de passar, um precipício perigoso no lugar das Cavadas.
Lembro dum episódio
sucedido, no inicio deste século. O senhor António Lourenço Alves, contactou-me
para se contratualizar uma atuação com o grupo musical Apocalipse, (grupo
familiar onde quatro irmãos - eu, meu irmão Lita, meu irmão Toneca e minha irmã
Madalena) participávamos.
Chegados ao largo do
ribeiro, daí até á escola a estrada era em terra batida. As carrinhas, na
época, eram ligeiras e patinavam. Então, as pessoas da aldeia, empurraram as
viaturas e lá conseguimos atuar. A alegria foi enorme na Festa da Senhora dos
Remédios e de entre os muitos dançantes, sobressai um casal a dançar continuamente
o Anselmo e a Paula que até teve dedicatória. Naquela época, já havíamos atuado
em vários locais do concelho: Em Sul com o cantor Pedro Barroso, em Pindelo dos
Milagres com Marco Paulo, em Bordonhos, Arcozelo, Ucha, Cobertinha, Vila Maior,
e outras localidades.
Quando, em certos anos,
a agricultura pouco produzia, muitos habitantes compravam batata e cereais em
Aveloso, Drave, Pena, Covas do Rio, etc.
Tudo transportado às
costas. Lembra Virgílio, que num ano, ele e Dona Prazeres, cada qual com seu
saco de milho desde Drave ao Fujaco. Vida difícil.
A electricidade no
Fujaco é muito recente e poucos anos antes do estradão de acesso.
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"O dia da Luz" |
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Fotos cedidas por Isabel Martins |
Na procura de melhores
condições de vida, ocorre o êxodo das populações
para diferentes destinos.
O descuido
das entidades em investimentos estruturantes, marcou isolamento dum lugar com
potencial turístico, ambiental, económico, paisagístico, arquitectónico,
desportivo e até histórico, e está a agonizar a aldeia.
Abate ver
os moinhos, o lagar de azeite, os canastros, as casas, em ruínas, a arquitetura
adulterada, onde o xisto deveria prevalecer, pessoalmente adorava ver a capela
e a escola em xisto, sim porque o Fujaco tem montanhas mágicas de xisto.
Mais
triste ainda é constatar a falta do seu melhor património, a população. Em
cinco décadas, perdeu mais de 90% das suas gentes, sendo que os residentes contam
apenas 11 habitantes em 2 025, maioria com idades maduras. A erosão
demográfica asfixia a aldeia. A completa estagnação económica de hoje, que
pouco produz, relativamente a outras épocas, (produtos agrícolas, animais,
carvão, os minérios, etc.). No entanto, quatro dos habitantes, noutra
localidade, bem perto, ainda produzem uma excelente broa, considerando-a a
melhor broa que vou comendo. Sempre que posso, faço o pedido de encomenda, nas
minhas idas ao Fujaco. Parabéns á Pastelaria Beladina.
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A excelente broa que gentes do Fujaco fabricam |
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Mel multifloral
do Fujaco, considerável a flor da calluna vulgaris (urze) e da carqueja (baccharis trimera)
Fauna
No que
respeita á fauna, apenas faço referência a espécies que já observei:
Javali,
corso, raposa, saca rabo, cobra (não consegui ver se era a víbora cornuda), osga,
licranço, pombo bravo, melro, toutinegra, coruja, chapim, pombo bravo, falcão
peregrino, tordo, esquilo vermelho, e ainda outras aves que não consegui
identificar.
Urge refletir
o nosso Fujaco. São sobejamente conhecidas as aldeias abandonadas em redor,
Loureiro, Massagoso, Valverde, Goirim, Pego, Drave, entre outras.
O Fujaco
e zona envolvente contribuíram no desígnio coletivo da nação, evidentemente á
sua dimensão.
Valorizar o latente turístico. Dispõe já de alojamentos locais, num contexto de soberba paisagem, biodiversidade, geomorfologia, arquitetura. Etc.
Belos recursos - outro local para espaço de laser
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Linária triornithophora, um endemismo ibérico muito vista no Fujaco. Fotografada
junto do Restaurante Rochedo
Erva das azeitonas (Clinopodium nepeta) pessoalmente, uso esta espécie na conserva de azeitona e na feitura de delicioso chá. É ainda utilizada em perfumes e na cosmética.
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Ata pulgas seculares, junto a muro do Fujaco, com um
espantoso perímetro de tronco de 15 centímetros, espécie autóctone de Portugal |
Carrasco
(quercus coccifera)
A Myosotis, também conhecida por não
me esqueças é muito frequente no Fujaco.
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Myosotis fotografada na segunda semana de Janeiro de
2 025, já florida. Num muro entre dois indivíduos da espécie umbigo de vénus
que como sabeis é medicinal e comestível.
Erva das sete sangrias
Espécie já com flores, fotografada na segunda semana de
Janeiro de 2025
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gilbardeiras |
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Azevinho. Trazido dum pequeno ramo do Fujaco
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Murta no meu jardim trazida de um ramo de
Leirados, com frequência faço chá, com as folhas mais viçosas
Espécies
invasoras
Assiste-se
á proliferação no nosso Fujaco de várias espécies, como:
Háquia
picante, eucalipto, acácia, uva dos ratos, erva-da-fortuna, entre outras, e que
estão a alterar negativamente a paisagem.
Por iniciativa de José Soares, operou desde o ano de 1980 a 1997, uma mercearia e taberna, onde hoje existe um alojamento local, Canastro Nature Spot. Em 1995, colocou também em funcionamento o Restaurante Rochedo, iniciativa corajosa para o meio.
Acessos á
internet e comunicação.
Via
alargada á aldeia desde Sul.
Rede de
percursos pedestres homologados, com potencial para pequenas e grandes rotas,
reavivando as trilhas do passado.
Circuitos
de montanha.
Alcatroamento
dos 2,6 quilómetros do estradão da antiga escola para a serra, estimulando visitas
circulares em viaturas, melhorando e encurtando acessos.
Construção
de praia fluvial, agregando uma cascata, zona de lazer e espaço para merendas,
em local, reforçando estruturas já existentes do passado, do sistema de regadio,
agora em desuso. Como exemplo, elegia a praia de Cardigos, a Foz do Cobrão, Foz
do Égua, Benfeita, Sótão, Carvoeiro, Portagem, Meimoa e outras, erigidas em
pequenos ribeiros. No caso de Cardigos e porque podia comprometer o
funcionamento durante a estiagem, foi erigida uma pequena represa em terra, reserva
que vai garantindo o pleno funcionamento da praia, no verão. Apesar de
sazonais, vários postos de trabalho emergiram, quer na actividade do bar e restaurante,
quer os nadadores salvadores, em locais deprimidos em empregos. A praia fluvial
com espaço mais adequado ao Fujaco, é a Zona de Lazer do Vale de Gaios, em Tábua,
onde também existe um excelente percurso pedestre, ao longo do Rio Cavalos.
Instalar sinalética á entrada do Fujaco, informando que junto da antiga escola há parqueamento, capela, miradouro, moinhos, e sede da associação, potenciando aquele local elevado donde se avistam as montanhas e vales, os meandros da estrada, o casario em presépio. Muitos turistas, reclamam pela falta de informação depois da visita.
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Cenário edílico do Fujaco, miradouro da outrora escola, hoje sede da Associação
Estimular
proprietários na recuperação ou venda das casas, atraindo mais pessoas.
Todos
nós, poderemos alavancar o Fujaco, investindo e dedicando-lhe mais tempo. De
que nos serve relevar a aldeia se não colaboro para atenuar o seu
despovoamento? Realço o facto de após a visitar pela primeira vez, desde então,
já recuperei três casas. Uma vendida á Família Beleza. Nesta casa, e a pedido
da autarquia, recuei cerca de um metro, para melhoria das acessibilidades. A
segunda é propriedade do amigo Eduardo que tem investido e abriu o AL (alojamento
local) Refúgio do Fujaco. A terceira casa, a minha “cabana”, que com
regularidade usufruo. Peço que cada um de nós se empenhe, haverá melhorias. A
diáspora do Fujaco deverá empenhar-se energicamente.
O restauro
dos moinhos e dos canastros, elementos de referência cultural e turística.
Libertar
no PDM espaços para construção de novas casas, que respeitem a arquitetura
local, nomeadamente paredes e coberturas em xisto, no troço do limite urbano, da
entrada na aldeia, até aos limites dos arruinados moinhos.
Plantação
de flores resistentes em todas as ruas, compondo um jardim apelativo a
visitantes para estimular turistas e potenciais investidores e novos moradores,
o Fujaco florido.
Construção
de um ou mais trolls como elemento apelativo para novos desejos, com vista ao
aumento turístico da aldeia, chamariz para investidores. Julgo que é com o
incremento do turismo que poderá fixar mais residentes no Fujaco.
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Elaborei, para consumo próprio, estes três
percursos no Fujaco, tendo já realizado o troço Fujaco - eólicas e daí São
Macário. (confidenciou-me o Virgílio, que este trilho era o carreiro que ele e
outros habitantes palmilhavam quando eram contratados para corte de searas de
centeio na aldeia da Pena, Macieira, etc) e ainda Fujaco - Leirados e Aldeias. Percursos
ao longo das levadas que outrora regavam os socalcos. O potencial para mais
percursos é imenso.
Existe
uma Associação de Baldios - ACRFujaco, com sede na escola, instituição em quem
os amigos do Fujaco depositam alguma esperança, na dinamização e iniciativas
potenciadoras de disposições e eventos para a aldeia, animação, cultura, e
outros de interesse mais estruturante.
Recorrendo
ou não a outras entidades, esta Associação, pode elaborar um ou vários percursos
pedestres e submete-lo para homologação de fundamental estrutura desportiva,
junto da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP). Deve também
candidatar-se a programas de financiamento noutros projetos e mobilizar os
habitantes, a diáspora, que é bem maior que os residentes, e demais amigos do
Fujaco.
Aquele
organismo poderia conceber um mini museu na sua sede, reunindo elementos da
população ao longo de todos os tempos (fotos, objetos, atos, relatos, escritos,
memórias, tradições, lendas, jogos e outros documentos, dos fujacenses ali
nascidos e seus descendentes, outrossim os elementos constantes nesta colheita
de dados.
Criar um
hub de artesanato e ofertas para venda pública, como forma de divulgar o Fujaco
e angariar fundos para investimentos estruturantes:
- Boinas,
chapéus etc., contendo escrito Fujaco;
- Casa de
xisto miniatura da aldeia;
- Lousas
pintadas do local;
-
Velharias recuperadas
- Outras
ofertas de pessoas, etc. etc…
Ponderações
Um
visitante no Fujaco quer refrescar-se, não tem onde, quer caminhar e não tem
percurso sinalizado, quer uma peça de artesanato e não encontra, quer saber da história
da aldeia e nada há informar, nem sobre espécies de plantas medicinais ou
outras, sobre a micologia local, nenhuma referência.
Os últimos
nascimentos no Fujaco ocorreram em 1989 e 1990, respetivamente o Sérgio
Lourenço e a Lúcia.
Este
trabalho é dinâmico, o alicerce para ampliação. Quaisquer informações
adicionais relevantes sobre a aldeia do Fujaco, poderá dilatar e melhorar seu
conteúdo. É minha convicção, emergirem.
A
gratidão a todos que cooperaram e averiguaram nesta coleta monográfica sobre o
Fujaco, porção das fontes informativas desta memória.
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Urze e carqueja, as melíferas abundantes no Fujaco
As
vivencias passadas do nosso Fujaco desapareceram. Será que os vindouros apontam
qualquer interesse do modo de vida dos seus progenitores? Quero acreditar que sim.
Relembro o pedido, que cada um de nós se esforce e reflita sobre a aldeia, execute e medeie junto das entidades, na busca de plano de revitalização, dotando-o de préstimos e alcances, pois "alcança quem não cansa".
José
Manuel Costa Amaral, 15 de Junho de 2025
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